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04/Feb/2025

Inflação dos mais pobres sobe puxada por alimentos

De acordo com um estudo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), os brasileiros de menor renda estão pagando a maior parte da conta da disparada da inflação de alimentos. O custo de vida das famílias das classes de E e D, com renda de até três salários-mínimos (R$ 4.554,00) na Região Metropolitana de São Paulo (SP), subiu 5,14% no ano passado e superou a média da inflação dos paulistanos como um todo no período, que foi de 4,97%. No caso das famílias de maior renda, das classes C, B e A, a alta do custo de vida foi um pouco menor no mesmo período e avançou 4,94%, 4,87% e 4,70% respectivamente em 2024. Os cálculos foram feitos a partir dos dados do Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação, para a Região Metropolitana São Paulo. As informações, apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram reponderadas para os diferentes estratos sociais da população que vive na Região Metropolitana de São Paulo.

A diferença entre a inflação geral dos paulistanos mais pobres e dos mais ricos foi de quase 0,5% ao longo de 2024 e o principal motivo foi a dispara de preços do grupo alimentação. Na classe E, por exemplo, que é a base da pirâmide social, os gastos com alimentação comprometem cerca de 30% do orçamento. A alta de preços dos alimentos foi a grande vilã que levou às grandes diferenças do custo de vida entre as classes sociais. Para as classes E e D, o custo da alimentação subiu 8,24% e 8,19%, respectivamente, no ano passado. É quase 1% acima do desembolso das classes de maior renda. Os preços dos alimentos foram afetados no início do ano passado pelo efeito do fenômeno climático do El Niño do final de 2023. Depois houve uma certa estabilização. Mas, no final de 2024, a situação piorou em razão da disparada de preço das carnes.

Aliás, as carnes respondem pela maior fatia das despesas com alimentação, com participação de 2,8% no índice geral. Por estrato social, elas pesam 4,7% para a classe E e 5% para a classe D, enquanto respondem por 1,2% do custo de vida das famílias de maior renda, da classe A, que ganham mais de dez salários-mínimos. Só em dezembro/2024, as carnes ficaram 7,03% mais caras, estimuladas pelas festas de fim de ano. Somada a outras altas, como do óleo de soja (6,3%) e do leite em pó (2,1%), o grupo alimentos e bebidas subiu 1,81% no último mês de 2024. Além da alimentação, outro grupo e preços que afetou a despesas dos mais pobres foi o gasto com transportes, que desembolsam uma parcela maior do orçamento com combustível para se locomover de motocicleta, por exemplo, e até com passagens de ônibus e trem.

O grupo transporte encerrou o ano passado na Região Metropolitana de São Paulo com alta de 4,91%. Em dezembro/2024, o aumento no custo dos transportes para a classe E foi três vezes maior do que para a classe A, de 1,16% ante 0,40%, respectivamente. No ano todo de 2024, a alta dos gastos com transportes atingiu 5,53% para a classe E e 4,12% para os mais abastados, a classe A. É uma diferença de quase 1,5%. Apesar do impacto das despesas com transportes, o aumento de custos dos alimentos provoca um estrago maior. A inflação de alimentos mina a confiança das famílias. Não é sem motivos que o governo procura alternativas para atenuar o aumento de preços da comida no orçamento das famílias. E a perspectiva é de que os grupos alimentos e transportes continuem pressionando a inflação nos próximos meses e castigando a população de menor renda.

No caso das carnes, um dos principais alimentos com preços em alta, a questão é estrutural, em razão da menor oferta de boi gordo por causa do ciclo da pecuária de corte. Também com o dólar em alta, os frigoríficos ficam mais propensos a exportarem a produção, porque recebem mais Reais pelos dólares “exportados”. Esse movimento reduz ainda mais a oferta de carnes no mercado doméstico e eleva preços em Reais. Nos transportes, novas pressões virão por conta do aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a gasolina e o diesel e pelo anúncio da Petrobras de aumento o preço do diesel. A inflação em alta e o avanço dos juros para conter os preços tendem a diminuir o ímpeto de consumo das famílias nos próximos meses, apesar de a taxa de desemprego estar na mínima histórica (6%), o que, em teoria, seria favorável às vendas do comércio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.