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04/Feb/2025

Região Centro-Oeste cresce impulsionada pelo Agro

Segundo um estudo da consultoria Tendências, a Região Centro-Oeste deverá caminhar na contramão do resto do País e ser a única a apresentar uma aceleração econômica em 2025. Os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal vão crescer, juntos, 2,8% neste ano, acima dos 2% projetados em 2024. O desempenho econômico da Região Centro-Oeste deve ser impulsionado, sobretudo, pelo resultado agrícola. A safra de grãos 2024/2025 será recorde e pode alcançar 322,25 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 8,1% na comparação com a de 2023/2024, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Centro-Oeste tem um cenário mais positivo para 2025, principalmente por causa do agro, que deve ter uma recuperação. A participação da região na produção brasileira de grãos é de 50%. A retomada da Região Centro-Oeste ocorre depois da safra mais fraca de 2023/2024, que somou 298 milhões de toneladas e recuou em relação à anterior (320,9 milhões de toneladas). As lavouras de milho e soja foram prejudicadas pelo fenômeno climático El Niño.

São culturas com um peso muito alto na renda agropecuária de toda a região. Isso afetou bastante o desempenho da economia. Com o impacto climático, o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário da Região Centro-Oeste caiu 6,1% no ano passado. Em 2025, deve, portanto, mostrar recuperação e subir 6%. A queda só não foi maior porque alguns produtos foram bem e limitaram esse recuo, como a pecuária, principalmente da carne bovina, que registrou uma alta importante em 2024. Se os números se confirmarem, a Região Centro-Oeste retomará posto que ocupou em 2022 e 2023, de região que mais cresce no País. Nesse biênio, o avanço do PIB da região foi de 5,9% e 4,9%, respectivamente. Numa análise detalhada do desempenho dos Estados, os grandes produtores de grãos do País, Mato Grosso do Sul (4,4%) e Mato Grosso (3,7%), vão colher os maiores crescimentos do PIB. Em relação ao Brasil, no geral, e às demais regiões, a expectativa é de desaceleração da economia diante de um cenário de aumento da taxa básica de juros (atualmente em 13,25%), que encarece o crédito para famílias e empresas, e do menor impulso fiscal.

Impulsionada pelo bom desempenho da agropecuária ao longo dos últimos anos, a Região Centro-Oeste vê um efeito positivo do setor se espalhar para outras atividades econômicas. No ano passado, por exemplo, o potencial de consumo da região chegou a R$ 660,032 bilhões, o que é equivalente a 9,02% da participação do País, mostra a pesquisa IPC Maps. Os Estados da Região Centro-Oeste mostram um crescimento consistente ao longo dos anos. Em 2015, por exemplo, a região alcançava um potencial de consumo de R$ 313 bilhões, o que representava 8,39% do País. Nesse período, o Centro-Oeste registrou um crescimento real. Foi a primeira vez que a região ultrapassou o patamar de 9%. Isso mostra que parte desse dinheiro de safra acaba ficando na mão da população e melhorando o consumo. No setor imobiliário, a força de consumo também tem se revelado. De 61 cidades pesquisadas, Goiânia (GO) ocupava o quarto lugar no Índice de Demanda Imobiliária para imóveis de padrão econômico (R$ 115 mil e R$ 575 mil); a primeira posição no recorte para padrão médio (de 575 mil a R$ 811 mil) e a segunda colocação na categoria alto padrão (a partir de R$ 811 mil).

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Goiânia é o centro do agronegócio brasileiro. É próximo de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte de São Paulo, oeste da Bahia e Tocantins. Tem rodovias, aeroportos, um complexo de saúde, lazer e boas universidades. Está próxima de Brasília e oferece qualidade de vida por um custo menor do que nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. O Índice de Demanda Imobiliária se refere ao quarto trimestre do ano passado. Ele é calculado pelo Ecossistema Sienge, tem a metodologia do Grupo Prospecta e parceria da Cbic. O índice considera pontos como demanda, dinâmica econômica das cidades e oferta de imóveis. No ano passado, de acordo com dados da Cbic, foram vendidas 24.923 unidades no Centro-Oeste, o que representou uma participação nacional de 6,4%. Em 2023, foram comercializadas menos unidades (20.409), ou 6,2% do total nacional. Os dados englobam as regiões metropolitanas de Campo Grande, Cuiabá e Goiânia, além de Brasília, Anápolis, Lucas do Rio Verde e Sinop.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o crescimento do agronegócio tem dinamizado a economia da Região Centro-Oeste e influenciado os setores de serviços e de imóveis. É um aquecimento de toda uma cadeia. O agro acaba trazendo desenvolvimento para a região em função do excesso de liquidez que o setor tem gerado. Os dados da Anbima são outro termômetro importante que revelam o avanço da riqueza na Região Centro-Oeste. O volume financeiro do segmento private (que engloba aqueles com mais de R$ 5 milhões investidos) chegou a R$ 78,8 bilhões em novembro do ano passado, último dado disponível. Na região, a média de crescimento do volume financeiro nos últimos três anos foi de 20,9%. É o ritmo de alta mais acelerado do Brasil. No País, nesse período, o avanço foi de 9,3%. Outros fatores contribuíram para esse crescimento. A instabilidade política levou a uma demanda desses produtores para serviços bancários e financeiros. Mais recentemente, teve o debate da reforma tributária e eventuais mudanças regulatórias.

Foram várias pautas que fizeram com que soluções patrimoniais entrassem com mais força na discussão e fizeram com que os grandes private bankings pudessem ter mais oportunidade de discutir soluções com esses clientes. O bom desempenho econômico da Região Centro-Oeste nos últimos anos tem levado a um crescimento no número de empresas que atuam na região. Entre 2015 e 2024, elas saltaram de 1,544 milhão para 2,019 milhões, o que representa uma alta de quase 31%, segundo um levantamento do IPC Maps. Se isolar o setor do agronegócio, o total de empresas subiu de 17,7 mil para 36,2 mil no período. É um crescimento de 105%. São alguns indicadores que mostram o crescimento real da região. O agronegócio tem sido o carro-chefe do Centro-Oeste e vai ajudar a região a ser a única do País a acelerar o crescimento econômico neste ano. Além do agro, a região tem se destacado em setores industriais, como de alimentos, biocombustíveis e celulose. Juntos, respondem por 72% da indústria local. E eles vêm mostrando um desempenho positivo.

Em 2024, o PIB da indústria da Região Centro-Oeste deve ter crescido 3,6%, um número parecido com o desempenho do Brasil (3,5%). No ano passado, a Suzano começou a operar uma fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo (MS). O investimento foi de R$ 22 bilhões. Outras gigantes do setor de celulose anunciaram planos para a Região Centro-Oeste. A chilena Arauco vai construir uma fábrica no município de Inocência, noroeste de Mato Grosso do Sul. O investimento é estimado em US$ 4,6 bilhões. A Bracell também já solicitou estudos ambientais para uma nova operação no Estado. Também em 2024, a Votorantim Cimentos anunciou a ampliação de uma fábrica em Edealina, Goiás. O investimento de R$ 200 milhões vai ampliar a capacidade da unidade para 2 milhões de toneladas por ano. As obras devem ser concluídas até o final de 2025. O investimento deve gerar por volta de 200 a 250 empregos diretos e indiretos. Boa parte desses postos de trabalho criados deve ser atrelada à obra. Na fábrica de Edealina, trabalham 600 pessoas.

O anúncio da Votorantim Cimentos, em Goiás, faz parte de um conjunto maior de investimentos anunciados pela empresa no Brasil. Ao todo, serão R$ 5 bilhões entre 2024 e 2028. Desse montante, R$ 1,7 bilhão já está em andamento. Diante do crescimento do Estado e de toda a Região Centro-Oeste, observa-se um aumento da demanda pelo consumo de cimento. A fábrica de Edealina tem uma localização geográfica muito favorecida. A Caoa é outra companhia que decidiu ampliar os investimentos na região. No fim de 2023, anunciou R$ 3 bilhões para a fábrica de Anápolis, Goiás, inaugurada em 2007. Paralelamente à expansão, a Caoa Montadora triplicou a quantidade de colaboradores locais, em pouco mais de um ano, passando de 2 mil para 6 mil funcionários, trabalhando em três turnos. De acordo com a companhia, nove em cada dez trabalhadores da fábrica de Anápolis são moradores da região. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.