04/Feb/2025
O governo da China está preparando uma proposta inicial para tentar impedir que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplique tarifas ainda maiores contra os produtos do país e imponha mais restrições de acesso à tecnologia. A aposta chinesa tem como foco a retomada do acordo comercial assinado pelos dois países em 2020, no primeiro governo de Donald Trump. À época, o pacto fracassou. A China considerou que a tarifa de 10% anunciada pelos Estados Unidos sobre as importações chinesas foi uma forma de pressão, mas longe do nível máximo, que seria considerado intolerável pelos chineses. Em uma resposta inicial tímida, o Ministério do Comércio da China informou que acionaria a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os Estados Unidos e pediu um "diálogo franco" entre os dois países.
O chamado Acordo de Fase Um, assinado em 2020, exigia que a China aumentasse as compras de bens e serviços americanos em U$ 200 bilhões durante dois anos. Após o fracasso da iniciativa, a China agora se prepara para indicar aos Estados Unidos em quais áreas poderia ampliar as aquisições de produtos norte-americanos. Outras iniciativas projetadas pelos chineses incluem uma oferta para fazer mais investimentos nos Estados Unidos, em setores como o de baterias para carros elétricos; uma nova promessa de não desvalorizar o yuan para ganhar vantagem competitiva; e um compromisso de reduzir as exportações de insumos para a produção de fentanil. A China também estaria planejando tratar a questão do TikTok como um "assunto comercial”, como forma de abrir espaço para a negociação de uma participação na plataforma para investidores norte-americanos.
Segundo o Commerzbank, a China prometeu responder às tarifas impostas pelos Estados Unidos, mas a maior probabilidade neste momento é de uma resposta contida para evitar uma guerra comercial. O governo chinês precisa focar urgentemente nos problemas econômicos domésticos. As tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses reduzirão as exportações para os Estados Unidos em cerca de 20% e diminuirá o PIB da China em 0,2%, contando com possível diversificação de rotas pelo Sudeste Asiático e pelo México. Pode parecer pouco. Contudo, se os Estados Unidos começarem a elevar as tarifas em países parceiros para prevenir a diversificação de rota ou sobre bens chineses, então o impacto econômico na China será muito maior.
O Congresso dos Estados Unidos também mira restrições sobre o comércio com a China, após alguns membros protocolarem um projeto de lei para retirar o status da China de país com "relações comerciais normais permanentes". O projeto prevê a imposição de 100% de tarifas sobre bens considerados estratégicos e 35% de tarifas mínimas sobre todos os outros bens produzidos na China. Ainda, o governo norte-americano investiga se a China ampliou as importações que faz dos Estados Unidos e pode exigir que o país aumente o número de bens norte-americanos importados, como tática de negociação. No entanto, pedir que a China aumente importações pode ser difícil, com o desafio da desaceleração econômica chinesa e a diversificação de fontes de importação para manter a segurança alimentícia e energética do país, o que pode desincentivar autoridades chinesas a concordarem em voltar a ampliar importações dos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.