30/Jan/2025
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode trazer impactos significativos para o Brasil, um dos países mais afetados pelo fortalecimento do dólar e o aumento dos rendimentos dos títulos norte-americanos. Embora esteja fora do alvo imediato de uma política protecionista, o Brasil enfrenta um cenário delicado, com tensões ideológicas e riscos de danos colaterais no comércio global. O Brasil, embora registre um superávit comercial expressivo de US$ 74,6 bilhões em 2023, mantém uma balança equilibrada com os Estados Unidos, apresentando déficits consecutivos desde 2007 até o último ano. Esse cenário o diferencia de outras economias emergentes, como China e México, que frequentemente são acusadas por Donald Trump de se beneficiarem injustamente do comércio com os Estados Unidos. Entretanto, internamente, o Brasil enfrenta dificuldades financeiras e cambiais.
Com taxas de juros reais acima de 10% e o Real em um dos níveis mais desvalorizados da história, o Banco Central intensificou sua atuação, gastando US$ 28 bilhões em reservas cambiais apenas em dezembro para estabilizar a moeda. Além disso, os mercados financeiros sofreram com saídas significativas de capital, reforçando a fragilidade econômica do País. Apesar de uma relação comercial estável, a divergência ideológica entre Lula e Trump pode exacerbar as tensões. Além disso, ataques indiretos de Donald Trump ao grupo Brics e ameaças ao comércio global, caso concretizadas, podem impactar severamente o Brasil. A desaceleração da economia chinesa, principal parceira comercial brasileira, pode resultar em um “pouso forçado” para a economia brasileira. O primeiro mandato de Trump trouxe benefícios para o Brasil no setor agrícola. A guerra comercial entre Estados Unidos e China reduziu a dependência chinesa da soja norte-americana, aumentando a participação brasileira de 46% para 74% nas importações chinesas.
Contudo, um novo acordo comercial entre Estados Unidos e China para ampliar as importações agrícolas norte-americanas pode prejudicar os exportadores brasileiros, especialmente em um momento em que o País depende da desvalorização cambial para impulsionar suas exportações. Com uma economia vulnerável, o Brasil precisará equilibrar cuidadosamente suas respostas às políticas de Trump. Medidas populistas ou protecionistas poderiam agravar ainda mais os desafios econômicos. Enquanto os Estados Unidos possuem uma estrutura econômica resiliente para lidar com disrupções, o Brasil carece de tal robustez, tornando-se mais suscetível aos efeitos das tensões globais. O desenrolar dessa relação dependerá de como Brasil e Estados Unidos navegarão por interesses divergentes e de como o País buscará consolidar seu papel em um cenário global em constante mudança. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.