28/Jan/2025
O bom desempenho da produção agrícola, com recorde na safra de grãos, mais a generosa herança estatística deixada por 2024 devem evitar um freio mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, embora a atividade comece a dar sinais de perda de tração, com parte dos economistas já colocando a tendência de recessão técnica no cenário deste ano. Os choques climáticos afetaram negativamente o campo no ano passado, mas a agropecuária está impulsionando a economia novamente. As previsões de mercado indicam que ela contribuirá com 15% do crescimento do PIB, que se espera ser de cerca de 2% neste ano. Pouco mais da metade desse crescimento está contratada pelo carregamento estatístico, ou carry over. Se o PIB se mantiver estável entre os trimestres, no mesmo nível dos últimos três meses de 2024, crescerá entre 1,1% e 1,3% em 2025 na comparação com a média de 2024.
A ASA observa que, ainda que dados do mercado de trabalho sugiram diminuição no crescimento econômico, a desaceleração aguardada para o último resultado das contas nacionais de 2024, a ser divulgado em 7 de março, será muito gradual. Assim, 2025 começa com uma base bem elevada. Isso deixa para 2025 um carry over bastante alto. Como vem num ritmo quente, só uma desaceleração forte durante 2025 levaria a um PIB muito fraco. Não é o que está na projeção. O BV acrescenta que o agronegócio evitará uma desaceleração acentuada da atividade no primeiro semestre. A previsão para a expansão do PIB é de 0,8% no primeiro trimestre, seguida por crescimento de 0,3% no segundo. A produção do agronegócio é muito favorável no início do ano. Isso deve ajudar o PIB do primeiro trimestre e colaborar ainda com o segundo. Nos próximos meses, os economistas tentarão estimar se a economia perderá força sem os impulsos temporários do campo.
Isso porque, passado o efeito da safra, restarão os impactos dos juros mais altos no consumo e nos investimentos. Em paralelo, a diminuição do impulso fiscal tende a fazer com que o crescimento do PIB volte a se aproximar de seu potencial, estimado entre 1,5% e 2%. A ASA ainda vê um ritmo de atividade forte no primeiro trimestre por conta do agro. Os analistas vão tentar separar o que é agro do que é o PIB ex-agro, para ter um termômetro do ritmo da economia. As atenções se voltam também para os diagnósticos do Banco Central (BC) sobre a atividade doméstica. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nesta terça-feira (28/01) e anunciará sua decisão na quarta-feira (29/01). Se o grupo concluir que a economia está perdendo fôlego, pode gerar leituras de um Banco Central menos disposto a prolongar o ciclo de aperto monetário e fortalecer expectativas de corte de juros a partir do final deste ano. Em um mês, as expectativas de inflação para 2025 subiram de 4,96% para 5,50%, um aumento muito maior do que as previsões para o crescimento do PIB, que passou de 2,01% para 2,06%.
Para o próximo ano, as previsões para a expansão da economia caíram de 1,8% para 1,72%, segundo projeções do Boletim Focus do Banco Central. Apesar disso, a maioria dos economistas considera improvável um cenário de estagflação no momento, a menos que ocorra uma situação de dominância fiscal. Em geral, se a economia desacelerar, espera-se que a inflação também diminua. O Pine vê um crescimento relevante nos dois primeiros trimestres do ano. Contudo, o indicador de condições financeiras do banco está em terreno bastante restritivo, sinalizando que entre dois e três trimestres uma parcela significativa dos setores econômicos vai desacelerar fortemente, podendo sofrer contração. O Pine projeta crescimento relativamente alto no primeiro e no segundo trimestre, mas com significativa desaceleração nos dois últimos trimestres do ano, quando as variações serão próximas a zero. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.