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27/Jan/2025

China: tarifas dos EUA podem reduzir PIB em 2025

A adoção de tarifas sobre importados da China pelos Estados Unidos deve tornar bem mais difícil para o país oriental repetir em 2025 o crescimento de 5,0% registrado em 2024. Tais taxas deverão prejudicar as exportações da China, sobretudo de manufaturados, que foram extremamente importantes para a expansão do seu Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 meses. O PIB da China deve subir ao redor de 4,5% em 2025. Tal patamar indica que se o governo de Xi Jinping decidir manter a meta de crescimento do país de 5,0% neste ano precisará adotar medidas bem mais audaciosas nas áreas fiscal e monetária para estimular o consumo doméstico, muito afetado pela forte crise do setor imobiliário que já dura quatro anos. Na avaliação da Moody's Analytics, como o governo de Donald Trump deverá adotar logo tarifas de importados da China entre 20% e 25%, o crescimento do país asiático será de 4,2% neste ano. Sem as tarifas, o PIB avançaria 5,0% em 2025.

O banco ANZ estima que as tarifas ficarão entre 10% e 20%, e serão responsáveis por um impacto no PIB de 0,5% neste ano, o que o levará para um crescimento de 4,3% em 2025. A menor expansão da China neste ano ocorrerá devido a um ambiente internacional que apoiará menos suas exportações, o que não ocorrerá somente com os Estados Unidos, mas também com a União Europeia, pois adotou barreiras para produtos vendidos pelo país, como carros elétricos. Além disso, o consumo na China está com um desempenho abaixo do esperado. Os cidadãos estão lutando com o fraco mercado de imóveis, onde dedicam grande parte da sua poupança, e com o debilitado mercado de trabalho. Embora a administração do presidente Xi Jinping tenha expressado que pretende reforçar o consumo interno nos últimos meses, há grande ceticismo dos especialistas de que a China mudará seu modelo de crescimento, calcado em exportações e produção industrial para apoiar o nível de atividade doméstico.

Para o banco Natixi, é pouco provável que este modelo será alterado no curto prazo. O governo anunciou recentemente corte de salários de funcionários públicos. Há pouco estímulo para elevar a renda disponível das famílias. O PIB pode crescer 4,5% neste ano, mas pode ser um número alto demais, pois o governo chinês continua pensando que pode exportar para todo mundo. O PIB poderia ficar até abaixo de 4,0% em 2025 caso as tarifas a importados da China adotadas pelos Estados Unidos atinjam um nível muito elevado, o que não deve ocorrer, pois a estimativa é de que atingirão a média de 15% neste ano. Tarifas bem altas à China poderiam provocar uma grande correção nos mercados financeiros internacionais, com impactos negativos ao crescimento global e dos Estados Unidos. Segundo o banco Société Générale, com um quadro mais difícil às exportações da China em 2025, o governo chinês precisará aumentar muito os gastos oficiais para viabilizar um crescimento pouco superior a 4,5% neste ano.

O déficit público total, que engloba governos locais, deve subir de 7,0% do PIB em 2024 para 8,5% do PIB em 2025. Tal elevação de despesas será necessária para estimular a demanda agregada, dado que o setor de construção de residências continuará em retração neste ano. Os investimentos em moradias devem cair perto de 10% em 2025, depois de terem baixado pouco mais de 10% em 2024. As vendas de casas novas devem contrair ao redor de 5% neste ano, após uma retração de 10% em 2024. Na avaliação do Macquarie Group, além do déficit do orçamento federal subir de 3% do produto interno bruto em 2024 para 4% do PIB em 2025, o governo central elevará a emissão de títulos públicos especiais de 1 trilhão de yuans para 3 trilhões de yuans no período. Tais recursos serão dedicados em boa medida para empresas poderem comprar novos equipamentos e para a troca de produtos por famílias, como carros e telefones celulares.

Também aumentará a emissão de bonds pelos governos locais, de 4 trilhões de yuans em 2024 para 5 trilhões de yuans em 2025, que serão dedicados especialmente à infraestrutura e em despesas públicas convencionais, como salários de servidores. Segundo o banco Union Bancaire Privée (UBP), o reforço ao PIB da China neste ano também precisará de medidas de política monetária. Para incentivar a concessão de crédito, o depósito compulsório de bancos pode cair entre 0,50% e 1,0% em 2025, pois eles estão em 9,5% para os bancos grandes e 7,5% para instituições de tamanho menor. Também os juros para operações de financiamento de 1 ano, que estão hoje em 2,0%, poderão baixar 0,5% até dezembro. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que preferiria não impor tarifas à China, mas reiterou a ameaça de elevar a taxação sobre itens fabricados no país asiático.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que a cooperação comercial e econômica entre China e Estados Unidos é mutuamente benéfica e vantajosa para ambos os lados e destacou o potencial de diálogo para resolver as diferenças entre os dois países, sinalizando uma abertura para negociação com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. A China nunca buscou deliberadamente um superávit comercial com os Estados Unidos. Apesar das diferenças e fricções, os dois países têm grandes interesses comuns e amplo espaço para cooperação, o que pode ser fortalecido por meio de diálogo e consultas. A China tem mostrado disposição em negociar com Donald Trump, apesar das ameaças do presidente norte-americano. Trump reiterou a ameaça de elevar a taxação sobre itens fabricados no país asiático, mas amenizou o discurso ao dizer que preferiria não impor a punição comercial.

O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) anunciou, na sexta-feira (24/01), que conduzirá uma revisão do acordo comercial e econômico que mantém com a China. O objetivo é verificar se o país asiático tem atuado em conformidade com os termos combinados no pacto. O acordo foi firmado no começo de 2020, pouco antes da eclosão da pandemia de Covid-19, e determinava metas para importações de produtos norte-americanos pelos chineses. A USTR informou que também revisará práticas comerciais que possam ser consideradas injustas para os Estados Unidos, incluindo aquelas que, de maneira "irrazoável e discriminatória" restrinjam o comércio norte-americano. Os anúncios fazem parte de um pacote de medidas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem tomado nos primeiros dias de governo. Ele promete fazer uma reforma abrangente no sistema comercial e já ameaçou implementar tarifas a importações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.