24/Jan/2025
O mercado agropecuário dos Estados Unidos deve ser um dos principais setores que sofrerão com impactos econômicos caso o governo de Donald Trump cumpra a ameaça de impor tarifas a produtos de importantes parceiros comerciais. O mercado está dividido quanto ao momento e o alcance das tarifas a serem impostas à China, União Europeia, México, Canadá e Rússia. No entanto, traders, analistas e agricultores estão se preparando de maneira semelhante à de 2018. Grãos estão entre os principais produtos exportados dos Estados Unidos para esses países, exceto para a Rússia. A carne suína também é um produto significativo, especialmente para a China e o México.
Futuros de milho e soja negociados na Bolsa de Chicago devem cair caso esses países deixem de comprar produtos agrícolas norte-americanos. Traders precisam considerar a ameaça de Donald Trump de impor até 1º de fevereiro uma tarifa de 10% sobre produtos da China e da União Europeia, além da tarifa de 25% já prometida para produtos do México e do Canadá, ao avaliarem os futuros de grãos e carne. Trump também utilizou tarifas como ameaça contra a Rússia, pedindo o fim da guerra com a Ucrânia. A Rússia é a maior exportadora global de trigo, embora não seja compradora dos produtos agrícolas dos Estados Unidos.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, a guerra comercial entre Estados Unidos e China resultou na implementação de tarifas pelos dois países. Como a China é o maior comprador de soja norte-americana, tendo adquirido 24,4 milhões de toneladas no último ano comercial, a ausência dessa demanda resultou em preços mais baixos, forçando o Departamento de Agricultura dos Estado Unidos (USDA) a fornecer milhões de dólares em ajuda para compensar as perdas de agricultores. Os futuros de grãos na Bolsa de Chicago reagiram com volatilidade aos comentários de Trump. Os comentários de Donald Trump são indicativos de seu estilo típico de negociação, em que ele começa com uma ameaça maior e a utiliza para negociar. Trump tem um histórico de lançar ‘balões de ensaio’ e observar as reações.
Mas, alguns estão convencidos de que novas tarifas serão implementadas. Segundo a Total Farm Marketing, em vez de impor tarifas imediatamente em suas ordens executivas após a posse, ele está deixando o mundo ponderar sobre suas palavras e intenções. A data de 1º de fevereiro é um sinal de que Donald Trump está permitindo negociações de bastidores antes da implementação das tarifas, pelo menos até o próximo mês. No caso da China, traders e analistas estão buscando sinais de que o país planeja trabalhar com a equipe de Donald Trump em um novo acordo comercial. Entre os indícios estão a presença de altos funcionários chineses na posse, bem como a conversa por telefone entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, no dia 17 de janeiro.
A China é o maior importador de produtos agrícolas do mundo e um dos clientes mais importantes para os grãos e carnes dos Estados Unidos. Se as tarifas sobre a China avançarem, ou se as tarifas sobre Canadá, México e União Europeia forem adiante, espera-se uma explosão na volatilidade dos mercados agrícolas. Os grãos na Bolsa de Chicago e o mercado de ações dos Estados Unidos tiveram fortes ganhos na terça-feira (21/01), após Trump não implementar novas tarifas em seu primeiro dia de mandato. Agora os traders estão se perguntando se isso foi uma resposta equivocada dos mercados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.