23/Jan/2025
O dólar fechou esta quarta-feira (22/01) em queda firme ante o Real, abaixo dos R$ 6,00 pela primeira vez desde dezembro do ano passado, com o mercado eliminando prêmios de risco das cotações e acionando ordens de stop loss (parada de perdas), em meio à percepção de que o novo governo dos Estados Unidos será moderado na adoção de tarifas sobre produtos estrangeiros. O dólar fechou em queda de 1,41%, a R$ 5,94, a menor cotação desde 27 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,91. Desde 11 de dezembro/2024, a moeda não terminava o dia abaixo dos R$ 6,00. Em janeiro, o dólar acumula baixa de 3,77%. O dólar engatou baixas ante o Real já no início da sessão, com investidores se apegando às notícias de que o governo de Donald Trump não adotará novas tarifas de importação em um primeiro momento, ainda que ameace a China com uma taxa de 10% em 1º de fevereiro e o México e o Canadá com uma tarifa de 25% até 1º de fevereiro.
A perspectiva de tarifas não tão altas favorece a leitura de que a inflação norte-americana pode não ser tão pressionada, o que permitiria ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) adotar taxas de juros menos elevadas no futuro. O resultado seria um dólar mais fraco ante moedas de emergentes e exportadores de commodities, como o Real. Segundo a Nomad, após os primeiros dias do novo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos, o mercado passou a se sentir mais confortável em assumir que a retórica do presidente será mais firme do que suas atitudes. Com alguma demora em apresentar medidas concretas relacionadas a parte das promessas de campanha, os ativos de risco passaram a precificar um cenário mais benigno. No Brasil, isso se traduziu na baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) e na queda do dólar para abaixo dos R$ 6,00, um ponto técnico e psicológico importante, que vinha sustentando as cotações.
O dólar para fevereiro, o mais negociado e, no limite, o que conduz as cotações no segmento à vista, viu ordens de stop serem disparadas ao atingir os R$ 5,59. Neste ponto técnico, investidores comprados (posicionados na alta das cotações) fecharam algumas posições, amplificando a queda da moeda no mercado futuro e, consequentemente, no segmento à vista. Assim, após marcar a cotação máxima de R$ 6,02 (-0,17%), ainda no início da sessão, o dólar atingiu a mínima de R$ 5,91 (-1,91%). Segundo a Empiricus Research, a manutenção do dólar abaixo dos R$ 6,00 no curto prazo dependerá não apenas do noticiário externo, mas também da capacidade de o governo Lula convencer o mercado de que o ajuste fiscal é viável. Na agenda do governo estão medidas adicionais de contenção de gastos, mas há também a reforma do Imposto de Renda, que é uma discussão meritória, mas da forma em que foi colocada criou aversão ao tema.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o governo está fazendo o balanço das alterações nas medidas de contenção de gastos aprovadas pelo Congresso no fim do ano passado. Segundo ele, novos projetos serão apresentados se for necessário. O Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025. O Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 3,804 bilhões em janeiro até o dia 17, resultado de saídas líquidas de US$ 2,127 bilhões pelo canal financeiro e saldo negativo de US$ 1,677 bilhão pelo canal comercial. Apenas na semana passada, de 13 a 17 de janeiro, houve entradas líquidas totais de US$ 806 milhões, uma inversão do que foi visto na semana anterior, quando saíram líquidos do País US$ 1,104 bilhão. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,01%, a 108,130. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.