20/Jan/2025
Os primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos serão marcados por dezenas de ordens executivas, especialmente sobre imigração, proteção de fronteiras e tarifas sobre importados. Há a expectativa de que 100 decretos poderão ser assinados por Trump na primeira semana de governo, que poderão também envolver medidas de desregulamentação em alguns setores produtivos, como energia, com o foco para facilitar a produção de petróleo e gás natural no país. A vitória no voto popular, no colégio eleitoral e o controle do Congresso pelos republicanos permitirá a Donald Trump iniciar sua nova administração com vigor para começar a cumprir promessas de campanha, como ações para deportar um grande número de imigrantes ilegais e imposição de novas tarifas sobre importações, sobretudo da China.
Segundo a MacroPolicy Perspectives, há grande complacência dos mercados de que ele não adotará tais ações. Contudo, empregar o raciocínio dedutivo e lógica não é o mesmo que compreender realidades políticas. O Texas já ofereceu terrenos para Trump construir campos de detenção de imigrantes, o que será também um negócio. O Congresso está trabalhando neste momento para financiar o negócio da deportação. Embora exista em Wall Street um amplo debate sobre a magnitude das tarifas sobre importados que Donald Trump adotará, o consenso é de que tais ações serão anunciadas logo pelo novo presidente. Para o Deutsche Bank, serão implementadas 20% de tarifas sobre a China, 10% no primeiro semestre e 10% na segunda metade do ano.
No caso da Europa, serão cobrados 7,5% de tarifas somente sobre os carros importados do continente. O México e Canadá poderão não ser taxados, pois fazem parte de um grande acordo comercial com os Estados Unidos firmado no primeiro mandato de Donald Trump, mas nas últimas semanas aumentaram as chances de que suas exportações podem sofrer impostos adicionais para ingressar no mercado norte-americano. Trump comentou recentemente que poderia impor 25% de taxas sobre produtos fabricados no Canadá e México até que controlem a imigração e o fluxo de drogas para os Estados Unidos. Também é esperado que entre os primeiros atos da nova administração estarão decretos para desregulamentar a economia.
O setor de energia é uma área prioritária para Donald Trump, pois quer incentivar as empresas de petróleo para aumentar a produção a fim de reduzir os preços dos combustíveis. Segundo o banco Wells Fargo, é possível que sejam reduzidas as restrições para a exploração de petróleo em terras do governo federal. Mas, as companhias de energia podem não aproveitar esta condição para manter os preços da commodity em um patamar favorável. Há elevadas expectativas de investidores de que medidas de desregulamentação também serão adotadas no setor financeiro para reduzir os custos de financiamentos a empresas e famílias, o que inclusive conta com o apoio de políticos democratas. Uma outra área que pode ser contemplada será o setor de moradias, pois os preços de imóveis são extremamente elevados em diversas cidades devido ao grande déficit da oferta em relação à demanda de casas e apartamentos.
Em relação ao corte de impostos, a prioridade do governo Trump é ter a aprovação do Congresso da extensão da reforma tributária aprovada em 2017, do contrário ela não irá vigorar a partir de 2026. Embora Scott Bessent, indicado para ser o próximo secretário do Tesouro, queira trabalhar com os parlamentares logo que assumir o cargo para a aprovação desta legislação, há maiores chances do aval do Poder Legislativo ocorrer no segundo semestre. UBS Global Para o Wealth Management, provavelmente será necessário um tipo de pressão de aproximação do prazo final para que ela passe pelo Congresso. Segundo a Columbia University, o apelo para Trump atender logo no começo do governo promessas de campanha, como tarifas sobre importados e na área de imigração, precisarão ser ponderadas para não gerar uma alta sensível dos preços ao consumidor.
Se Donald Trump implementar tarifas de 60% sobre exportações da China e 10% para produtos de outros países, como afirmou quando era candidato, mais medidas duras em imigração, a média do núcleo do PCE poderá subir 2,8% neste ano. Sem estas políticas, o indicador atingiria a média de 2,0% em 2025. As medidas sobre imigrantes e importados não podem provocar rupturas na economia a ponto de elevar bem a inflação, pois se ela subir mais poderá prejudicar os republicanos nas eleições ao Congresso em 2026, o que poderá ter repercussões negativas a eles na disputa presidencial em 2028. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.