17/Jan/2025
De acordo com dados do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor/BCB) do Banco Central, o valor desembolsado no primeiro semestre do Plano Safra 2024/2025, iniciado em 1º de julho/2024, alcançou R$ 207,561 bilhões em financiamentos para pequenos, médios e grandes produtores. O montante desembolsado até dezembro corresponde a 43,5% do total disponível para a safra, de R$ 476,59 bilhões. O valor ficou 20,5% abaixo do desembolsado para produtores no primeiro semestre da safra 2023/2024, de R$ 261,021 bilhões. Até o fim de dezembro, foram realizados 1,163 milhão contratos em todas as modalidades, 10,5% menos que o total registrado em igual período da temporada anterior, de 1,299 milhão de contratos. O valor médio por contrato recuou 11% na mesma base comparativa, para R$ 178,414 mil. O primeiro semestre da safra geralmente é o mais intenso em desembolsos, concentrando cerca de 60% das operações, em virtude das contratações, sobretudo de custeio, feitas pelos produtores para a safra de verão (1ª safra).
Na safra atual, observou-se menor desempenho do crédito oficial desde o primeiro mês da temporada, quando o recuo nos recursos liberados chegou a 48%. O recuo no desembolso do Plano Safra reflete a retração dos produtores rurais quanto a novos empréstimos, em meio ao menor apetite por investimentos e ao aumento do custo financeiro. É um momento de rearranjo do setor, buscando se adequar à nova conjuntura de preços. O crescimento da área plantada em 2024/2025 foi menor em relação aos anos anteriores, o que justifica a queda do custeio, além do menor custo de produção. No investimento, o produtor tende a segurar o que for possível de operações, esperando o momento de margens melhores para a renovação de máquinas e demais aportes. A menor demanda por recursos do crédito oficial na comparação entre os anos-safra está relacionada também ao avanço dos títulos agrícolas. São alternativas que se mostram competitivas diante de linhas com taxas livres (sem subsídio do Tesouro nos juros).
O crescimento dos títulos reflete o fato de que as taxas livres podem estar mais caras que as praticadas em CPRs, por exemplo, e podem abocanhar parte do crédito oficial destinado a grandes produtores. Como comparação, os títulos voltados ao financiamento do agronegócio com recursos privados cresceram 30% em um ano, somando R$ 1,225 trilhão em estoques ao fim de dezembro, segundo dados do Ministério da Agricultura. A maior reticência dos bancos na concessão de crédito, em virtude da maior inadimplência do setor no último ano, também pode ter influenciado no desembolso do primeiro semestre do ano-safra. Não deve haver mudanças significativas na conjuntura de tomada de crédito oficial no segundo semestre da safra 2024/2025, de janeiro a 30 de junho deste ano, o que tende a manter parte da retração já observada. Os financiamentos para custeio somaram R$ 124,019 bilhões de julho a dezembro de 2024, 14,09% abaixo do primeiro semestre do ano-safra anterior, em 517.697 contratos. O valor concedido nas linhas de investimento foi de R$ 52,281 bilhões no período, 18% menos que na temporada passada, em 633.557 contratos.
As operações de comercialização atingiram R$ 18,545 bilhões (queda de 38,6%), em 11.090 contratos, e as de industrialização totalizaram R$ 12,716 bilhões (recuo de 44%), em 1.026 contratos. No período, 870.921 contratos de crédito foram firmados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), alcançando R$ 37,195 bilhões ao fim dezembro. No Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foram registradas 153.688 operações, totalizando R$ 41,664 bilhões no primeiro semestre do ano-safra. Outros 138.761 contratos foram realizados por grandes produtores, o que correspondeu a R$ 128,702 bilhões em financiamentos de julho a dezembro na safra 2024/2025. A Região Nordeste reportou o maior número de contratos realizados no primeiro semestre da safra, com 453.403 operações, com R$ 21,651 bilhões financiados. Na sequência, consta a Região Sul, com 394.831 contratos, e maior valor contratado, de R$ 68,999 bilhões. A Região Sudeste registrou 197.022 operações de crédito rural de julho a dezembro, somando o total de R$ 56,329 bilhões.
Na Região Centro-Oeste, foram firmados 73.365 contratos, alcançando a liberação de R$ 46,017 bilhões. Na Região Norte, foram reportadas 44.749 operações, somando R$ 14,566 bilhões. Em relação às fontes de recursos do crédito rural, R$ 45,259 bilhões foram provenientes das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs, a taxa livre), fonte não controlada, ante R$ 105,127 bilhões de igual período de 2023. As LCAs se consolidaram como a principal fonte do crédito rural oficial no primeiro semestre da safra 2024/2025. Na sequência, aparecem os recursos obrigatórios respondendo por R$ 40,37 bilhões. Outros R$ 30,45 bilhões no primeiro semestre do ano safra foram provenientes dos recursos livres equalizáveis. No Plano Safra 2024/2025, o governo ofereceu R$ 76 bilhões para agricultura familiar, R$ 65,23 bilhões para médios produtores por meio do Pronamp e R$ 335,36 bilhões em recursos para demais produtores e cooperativas. Somando médios e grandes produtores, foram ofertados R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.