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16/Jan/2025

Mudanças climáticas e a escalada da temperatura

Já era esperado, e agora se confirmou. A Terra registrou em 2024 o seu ano mais quente, e a temperatura média global ultrapassou pela primeira vez o limite para o aquecimento global neste século em relação aos níveis pré-industriais. O planeta esquentou 1,6°C, acima do 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris. Segundo o Observatório Copernicus, da Comissão Europeia, a temperatura média chegou a 15,1°C e superou em 0,12°C o até então recorde de 2023. Preocupa a rapidez dessa escalada da temperatura. A explicação para essa alta, porém, é simples, de acordo com os cientistas: são os chamados gases de efeito estufa acumulados na atmosfera que empurram os marcadores dos termômetros para cima.

É a queima de carvão, petróleo e gás, os combustíveis fósseis, que impacta o mundo. E o que está ruim pode piorar. A última década representou os dez anos mais quentes já registrados pelo Copernicus e, provavelmente, foi o período mais quente em 125 mil anos. Há praticamente consenso na comunidade científica de que a Terra continuará a ferver. Mas, diante de dados negativos, por vezes anunciados em tom catastrofista, recomenda-se cautela. Como bem disse a cientista norte-americana Jennifer Francis, “as sirenes de alarme relacionadas às mudanças climáticas têm tocado quase constantemente”, e isso pode fazer com que o público se torne insensível à urgência, como é insensível às sirenes da polícia na cidade de Nova York”.

O problema é que não se pode banalizar um fenômeno de tamanha gravidade e consequências tão extremas. Segundo relatório da empresa de seguros Munich Re, as perdas causadas por desastres relacionados ao clima chegaram a US$ 140 bilhões em 2024. E não só cifras deveriam preocupar, mas principalmente as vidas que se perderam e as que se perderão em razão da fúria da natureza. O momento é delicado. Ainda assim, mesmo com as temperaturas acima do limite do Acordo de Paris, restam até 20 anos, de acordo com especialistas, para que se chegue a um ponto de não retorno. Logo, há tempo para tomar providências, e em alguma medida elas estão sendo tomadas, ainda que não na dimensão requerida.

O que se enfrenta é um clima muito novo e desafios climáticos para os quais a sociedade não está preparada. Já passou da hora de preparar a sociedade para enfrentar esse novo mundo e esses desafios climáticos, a começar por ações efetivas de comunicação sobre a gravidade do aquecimento global, de modo a não banalizar seus riscos. São necessários, portanto, planos e medidas efetivas. Nesse sentido, o Brasil, que em 2024 registrou calor recorde, com temperatura média de 25,02°C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), poderia liderar esse esforço. Mas, não é o que se vê.

Em 2024, as queimadas no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia assustaram o Brasil, e o governo, letárgico em combater as chamas, jogou a culpa na mudança climática, como se não fosse justamente a mudança do clima um fenômeno a exigir planejamento para mitigar seus efeitos. Além disso, a “Autoridade Climática” segue uma promessa de campanha. Até agora o mundo não conhece o presidente da Conferência do Clima (COP30), a ser realizada em novembro em Belém, que, segundo o presidente Lula, será a última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático. Sendo assim, o Brasil já teria que ter quase tudo pronto para a COP, o que está muito longe de ser o caso. Faltam ações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.