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07/Jan/2025

BC: expectativas sobre a gestão de Gabriel Galípolo

Um Banco Central mais presente em causas sociais, mais integrado com o Ministério da Fazenda e de comunicação mais leve. É isso o que se pode esperar da gestão de Gabriel Galípolo à frente da instituição iniciada no dia 1º de janeiro de 2025. A nova diretoria recém-empossada tem como foco mudar o ‘core’ da instituição, para que fosse mais estratégica e menos 'mão na massa' mesmo que isso se refletisse em um presidente com menos poderes. A parte operacional deve ficar mais com os chefes de Departamento, enquanto os membros do comitê trabalham de forma mais estratégica e colegiada. A economia tende a ser tratada como "um todo". Padrinho de Galípolo no governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, troca figurinhas constantes com seu afilhado a respeito das linhas mestras da autoridade monetária.

Na outra via, todos sabem que o futuro presidente do Banco Central segue como um articulador da política econômica. Foi peça fundamental, por exemplo, nas discussões sobre o pacote de contenção de despesas no fim do ano passado, ainda que tivessem perdido para a ala política o debate sobre o timing de apresentação do projeto da reforma de renda. Pouco antes do Natal de 2024, Galípolo recebeu afagos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou ao cargo. O presidente Lula já se referiu ao novo banqueiro central algumas vezes como "menino de ouro" e no fim de 2024 disse que Galípolo seria um presente para o Brasil. A Oriz Partners avalia que a proximidade com o governo ainda cria dúvidas no mercado sobre a atuação de Galípolo, mas pode se revelar o principal trunfo do novo Banco Central.

Depois da virada hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, com elevação de 1% nos juros e a promessa de mais duas altas da mesma magnitude, o novo chefe da autarquia pode passar a ser visto como um contraponto importante às alas mais gastadoras do Executivo. A esperança é que Galípolo não se submeta aos desígnios da política econômica do governo, ao PT, ao ciclo político-eleitoral, mas que seja um polo de racionalidade, até porque ele goza da confiança do presidente Lula e do ministro Haddad. Todos torcem para que ele supere o distanciamento entre governo e Banco Central que existiu por causa da figura do Roberto Campos Neto, que estabeleça uma colaboração e ajude a corrigir os rumos da política econômica.

Não é que o novo presidente vá se afastar da ‘Faria Lima’, de encontros recorrentes do Banco de Compensações Internacionais (BIS) ou de seu papel em fóruns internacionais, como G20 e Brics. Certamente, porém, também frequentará eventos mais populares, na linha do atual governo, como o G20 Social, realizado em novembro de 2024. A comunicação do Banco Central mais acessível foi uma das principais pautas de Galípolo desde que entrou na instituição, como diretor. O comunicado que se segue às decisões de Política Monetária passou a trazer tabelas que explicitam as projeções da instituição para o IPCA no fim do ano corrente, do ano seguinte e no horizonte relevante da política monetária, que também passou a ser mencionado textualmente. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central incluiu também as suas estimativas para a inflação ao longo de dez trimestres, aumentando a transparência sobre o seu cenário.

Nos seus pronunciamentos, é fácil perceber que Galípolo tem buscado usar uma linguagem menos técnica, sempre que possível. Para o Banco Fator, existe muito desconhecimento sobre a política monetária e alterar discursos técnicos quando necessários com outros mais simplificados não traz qualquer tipo de prejuízo para a instituição. Isso não quer dizer que está errado, mas que há flexibilidade para conversar com leigos, de um jeito, e com especialistas, de outro. O que um presidente do Banco Central tem que fazer é muito claro, mas sempre tem uma parte da atuação que tem a ver com a personalidade e isso é diferente porque são pessoas diferentes. O foco de Galípolo é o que está escrito na cartilha do Banco Central. As outras coisas são secundárias, não tão relevantes ou imediatas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.