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07/Jan/2025

Mercado subestima impacto das medidas de Trump

Segundo a Eurasia, os mercados subestimam os efeitos de tarifas comerciais que o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá adotar em seu retorno à Casa Branca. O mesmo vale para os seus planos de fazer uma deportação em massa de imigrantes ilegais no país. Matéria do jornal The Washington Post sugeriu que a gestão de Trump poderia ser menos dura na questão das tarifas do que sinalizou durante a campanha. O republicano disse, porém, que a reportagem está incorreta. "É apenas mais um exemplo de fake news", escreveu Trump, em seu perfil na rede Truth Social. Ressalta-se o quão rápido Trump respondeu ao tema, negando que a matéria do The Washington Post estivesse correta, e reforçando o aumento das tarifas comerciais em sua gestão. Absolutamente tudo o que se ouve da administração Trump é que eles pretendem usar essas tarifas de forma significativa em todos os setores, e haverá menos resistência interna, particularmente sobre a China, mas também com aliados. Isso está sendo subestimado pelos mercados.

Outro tema que também é subestimado pelos mercados está relacionado às medidas de Trump para a imigração ilegal nos Estados Unidos. A expectativa é de que 1 milhão de ilegais sejam deportados ao longo deste ano, e entre 3 milhões até 5 milhões ou mais ao longo de quatro anos da gestão Trump. A administração do republicano deve aumentar os custos trabalhistas no país com as medidas mais duras à imigração ilegal e haverá desafios fiscais, com mais inflação. Esses imigrantes ilegais são pessoas que pagam impostos. Eles também são consumidores, e esse dinheiro não estará disponível. O trabalho legal não preencherá essa lacuna. No entanto, haverá políticas de Donald Trump que serão positivas para o mercado. Como exemplo, a desregulamentação de setores como o financeiro, de tecnologia, criptomoedas e de combustíveis fósseis. Os impostos serão mais baixos.

O ambiente será "mais perigoso" para os países em desenvolvimento com a volta de Donald Trump, pois ele pretende adotar medidas de maior protecionismo aos Estados Unidos. E o Brasil lidera essa lista à medida que enfrenta incertezas fiscais. Reações negativas nos mercados como a vista recentemente em relação às incertezas fiscais no Brasil, com a desvalorização adicional do Real, devem ser mais frequentes nos países em desenvolvimento neste ano. Quando o Brasil teve um desempenho um pouco abaixo do esperado em termos de gestão fiscal sob o presidente Lula, o mercado o puniu pesadamente. Esse é o tipo de coisa que será mais frequente nos países em desenvolvimento este ano, precisamente porque tanto os Estados Unidos quanto a China não estão buscando coordenar, estabilizar seu relacionamento ou melhorar a globalização.

A gestão Trump começa ainda enquanto os países enfrentam um dólar particularmente já forte, além de inflação e dívida elevadas. Quanto ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, não são esperados grandes impactos. O relacionamento dos países do Mercosul com a União Europeia não vai ajudar muito a lidar com as tarifas comerciais mais duras sinalizados pelos Estados Unidos. O ano de 2025 será intenso e o mais perigoso geopoliticamente desde o início da Guerra Fria. Este é o ano em que é uma espécie de princípio de desordem geopolítica dominante para como o mundo funciona. A chegada do governo Trump deve ditar o unilateralismo no cenário global, com a China em posição mais fraca para reagir e os demais países na defensiva. Um dos maiores pontos fortes de Trump é sua imprevisibilidade, o fato de que outros países, outros líderes, interlocutores, não sabem o que ele vai fazer, e ainda assim é precisamente essa imprevisibilidade que impulsiona a incerteza, a volatilidade, o risco. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.