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07/Jan/2025

UE se preparando para possíveis tarifas dos EUA

A adoção de tarifas pelo governo de Donald Trump em 2025 sobre produtos importados gera a expectativa de que a economia da Europa poderá enfrentar um choque de demanda no próximo ano e enfraquecer ainda mais seu nível de atividade, com impactos desinflacionários. A União Europeia pode atuar em três áreas para mitigar os sérios efeitos das tarifas sobre exportações do velho continente que Trump poderá adotar, especialmente sobre o setor industrial, com um foco maior em automóveis. A principal delas consiste em negociações comerciais, a fim de reduzir ao máximo a magnitude e escopo das eventuais taxas sobre as exportações europeias. Um segundo elemento importante é a ação do Banco Central Europeu (BCE), com um movimento mais acentuado de corte de juros para estimular a demanda agregada. Uma terceira frente seria o avanço de investimentos em infraestrutura, ciência e tecnologia para impulsionar a fraca produtividade total de fatores do continente.

Segundo o UBS Global Wealth Management, as negociações comerciais são o maior mecanismo de defesa que a União Europeia possui ante possíveis tarifas sobre suas exportações. A Europa precisa de energia e os Estados Unidos têm grandes suprimentos, especialmente de gás natural. Esta é uma avenida que claramente pode ser explorada nas conversas. Segundo o ING, também podem fazer parte das negociações o aumento das compras pela Europa de armamentos e equipamentos de defesa fabricados pelos Estados Unidos, em troca da continuidade do apoio financeiro e militar do governo norte-americano à Ucrânia para defender-se da invasão da Rússia. O aumento das compras de produtos norte-americanos por países europeus é defendido por Christine Lagarde, presidente do BCE. Em entrevista recente ao Financial Times, ela destacou que seria melhor a União Europeia (UE) adotar tal postura para reduzir ao máximo a aplicação de tarifas por Trump e diminuir a magnitude de retaliações comerciais que poderiam ser adotadas pela União Europeia.

A posição de Lagarde visa diminuir impactos inflacionários na Europa que poderiam ser gerados pelas retaliações tarifárias e que poderiam provocar um choque de oferta, depois de um choque de demanda causado pelas taxas impostas pelo governo dos Estados Unidos. Estes dois choques poderiam levar a zona do euro a uma estagflação, que seria muito difícil de ser combatido pelo BCE, que teria um papel importante no apoio à economia da zona do euro, caso ela seja atingida por tarifas. O produto interno bruto da região poderá crescer 0,6% em 2025, mas se as taxas adotadas pelo governo Trump no segundo semestre provocarem uma desaceleração abrupta do consumo e de investimentos a ponto de levar o PIB para perto de 0%, o BCE poderia levar os juros a 1,25% em dezembro de 2025. Em tais circunstâncias, há espaço para os juros serem reduzidos em mais 1% depois de terem atingido 1,75% no verão de 2025. Se a União Europeia adotar retaliações comerciais contra os Estados Unidos, haverá efeitos inflacionários e o corte de juros adicional será menor, de 0,5%.

Para o Citi, uma adoção pelos Estados Unidos de tarifas de 10% sobre importados em geral, com uma taxa bem maior contra produtos exportados pela China, poderia provocar uma redução de 0,5% no crescimento da zona do euro em dois anos. A política monetária poderia tentar compensar este impacto com juros em níveis acomodatícios. Para elevar o PIB para o patamar onde ele estava antes das tarifas, provavelmente os juros precisarão ficar 0,5% abaixo do nível neutro por um período de tempo longo. A taxa nominal neutra na região está em 2%. Apesar das restrições fiscais que países europeus enfrentam atualmente, inclusive em um contexto de crises políticas na França e Alemanha, a adoção de tarifas pelo governo Trump contra importados da União Europeia poderá acelerar a expansão da formação bruta de capital fixo para melhorar a produtividade, inclusive na área de infraestrutura e energias renováveis. Segundo o Rabobank, o que as empresas e governos da Europa tentarão fazer será compensar os impactos negativos das tarifas com investimentos para apoiar a expansão da economia, sobretudo com o aumento da capacidade de produção de forma mais competitiva no futuro próximo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.