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06/Jan/2025

EUA: queda de preços e Trump afetam agronegócio

Afetados pela queda nos preços das colheitas, agricultores e empresas agrícolas dos Estados Unidos têm enfrentado uma diminuição na renda e reduzido seus gastos. O setor agrícola do país enfrenta um novo momento difícil, com a renda líquida das caindo 4% em 2024, para US$ 141 bilhões, após recuar 20% em 2023, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA). Preços mais baixos para commodities, como soja e trigo, pesaram, depois que produtores cultivaram grandes safras e ampliaram estoques. Já os custos com itens essenciais, como fertilizantes e equipamentos, subiram. Alguns agricultores esperam um impulso de um pacote de resgate de bilhões de dólares, anexado ao projeto de lei de gastos federais. O projeto prevê US$ 10 bilhões de apoio aos agricultores, além de US$ 21 bilhões para ajuda em desastres naturais.

Os Estados Unidos fornecem subsídios para seus agricultores desde a década de 1930, como uma forma de combater a pobreza rural. Hoje, os subsídios vêm principalmente na forma de seguros que permitem a obtenção de empréstimos. Pagamentos em dinheiro diretos, embora às vezes controversos, têm sido usados para apoiar os agricultores durante períodos de recessão agrícola. Para 2025, espera-se que esses desafios continuem. Alguns dos maiores transportadores de grãos e fornecedores de defensivos do mundo se preparam para uma economia agrícola em retração, cortando custos ou demitindo funcionários. As perdas por acre para os produtores de milho devem ser maiores em 2025 do que nos dois anos anteriores. O presidente eleito Donald Trump também prometeu tarifas sobre México e China, principais importadores de produtos agrícolas dos EUA, além do Canadá, grande produtor de fertilizantes.

Políticas de governo que subsidiam a produção de biocombustíveis, que tendem aumentar os preços para os agricultores, também podem passar por mudanças sob a nova administração. Grupos comerciais agrícolas estão circulando listas de solicitações aos legisladores que vão além dos pagamentos diretos e que poderiam servir de proteção contra a atual crise do mercado. A dor financeira no campo ocorre após um dos períodos mais fortes da indústria agrícola na história, quando os preços dos grãos dispararam durante a pandemia de Covid-19 e novamente após a Rússia invadir a Ucrânia. A guerra fez os preços do trigo e do milho subirem, contribuindo para o aumento dos preços dos alimentos. Também elevou a renda líquida das fazendas a um recorde em 2022. Desde então, as exportações de grãos foram retomadas pelo Mar Negro, e o clima mais favorável em regiões-chave de cultivo na América do Sul ajudou a aumentar os estoques globais, pressionando os preços para baixo.

A Bayer, fabricante do herbicida mais usado no mundo, o Roundup, reduziu sua previsão de lucros para 2024, à medida que agricultores diminuíram os gastos com sementes e agrotóxicos. Tradings de grãos, como Cargill, Bunge e ADM, também estão sob pressão, registrando vendas ou lucros significativamente mais fracos. A Cargill, uma das maiores empresas privadas do mundo demitiu 5% de sua equipe global. As ações da Bunge e da ADM caíram mais de 20% em 2024. As ações da Bayer, que são negociadas na Alemanha, caíram 40% no último ano. Mas a economia agrícola não colapsou para todos. Os lucros subiram para processadores de frango, como a Tyson Foods, já que seu maior custo - o grão usado para alimentar as galinhas - despencou. Já as ações da fabricante de sementes e agrotóxicos Corteva aumentaram 20% no último ano, impulsionadas pela popularidade de suas sementes da marca Enlist.

A eleição de Trump elevou o ânimo de muitos agricultores, que acreditam que suas políticas podem beneficiar a economia agrícola. Em 2018 e 2019, durante o primeiro mandato dele, US$ 23 bilhões em dinheiro dos contribuintes foram pagos aos agricultores para compensar os impactos das interrupções comerciais. Algumas empresas e grupos comerciais pedem à administração Trump que restrinja as importações de óleo de cozinha usado da China e aumente o uso do produto produzido nos EUA em biocombustíveis. Grupos agrícolas também fazem lobby para expandir o uso de etanol à base de milho em combustíveis para aviação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.