18/Dec/2024
Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a aposta em uma política fiscal expansionista deve agravar o já pressionado cenário inflacionário em 2026, ano eleitoral, o que colocaria em risco a reeleição do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Os efeitos negativos dessa política fiscal são mais rápidos e muito piores para a economia do que os efeitos positivos. Então, 2026 vai ser muito pior do que 2025, se continuar nessa toada. Inflação afeta popularidade, não importa o governo, se de direita ou esquerda. A transmissão de oscilações no câmbio e de choques temporários para a inflação tem ocorrido mais rapidamente atualmente, corroendo o poder de compra das famílias. A alimentação no domicílio pode fechar o ano de 2024 com uma alta de 9%, seguida de novo aumento de 6% em 2025, a despeito de uma perspectiva de safra maior, por causa da demanda externa aquecida por proteína animal.
Então, isso corrói o poder de compra do Bolsa Família e do mercado de trabalho que vai começar a desacelerar mais. Mesmo que nada mude, o custo da inflação já está dado, de cerca de 5% para o ano que vem, com elevação nos preços da alimentação. Isso impacta a popularidade. Então, qualquer tentativa de acelerar mais a economia, a inflação não vai ser 5% no ano que vem, vai ser maior. E quanto maior é até difícil dizer, mas pode ser maior do que isso. Já se fala de uma inflação de 6%, e depende também de até onde vai o câmbio. Do ponto de vista político, não vai ter gasto social que vai conseguir compensar essa situação de uma inflação pior, e até porque qualquer gasto além do que já está precificado seria mais inflacionário ainda. O hiato do produto está extremamente positivo, o que gera mais inflação.
É altamente improvável que a proposta do governo de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil seja aprovada junto com a maior tributação para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais. O Congresso vai aprovar a isenção para a faixa de renda mais baixa, mas não a maior tributação para o grupo de renda elevada. Com a isenção para a renda baixa, que tem propensão mais elevada a consumir, a perspectiva seria de uma pressão ainda maior de demanda. É muito limitado o que o Banco Central possa fazer nessas circunstâncias atuais. O atual governo aumentou gastos desde antes de sua posse, quando articulou a PEC da Transição, mas o momento atual é de liderar o Congresso pela aprovação de um pacote de austeridade, convencendo os parlamentares de que a solução traria resultados positivos e benefícios a todos.
O poder executivo tem que dar um norte para o Congresso, para trazer os congressistas para o seu comando, como já aconteceu em outras administrações federais. Ninguém quer ficar fora do barco vencedor. Sem isso, não tem condições de os políticos acompanharem uma política de austeridade. O aumento de receita previsto pelo governo é coisa pequena perto do que precisa, portanto, a solução passa por um corte de gastos efetivo, que inclui a revisão de subsídios como a Zona Franca de Manaus, Microempreendedor individual (MEI) e Simples Nacional. Há muitos benefícios e subsídios que são passíveis de serem corrigidos. Poderia haver uma redução de 10% em todos os benefícios tributários linear a todos os setores da economia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.