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17/Dec/2024

Dólar tem novo recorde mesmo com leilões do BC

O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (16/12), renovando a cotação máxima histórica, conforme receios do mercado com o cenário fiscal e os elevados prêmios de risco do País superaram o impulso positivo da venda de mais de US$ 4,6 bilhões pelo Banco Central em dois leilões realizados durante a sessão. O dólar encerrou em alta de 1,04%, cotado a R$ 6,09, o maior valor nominal de fechamento da história. Investidores tomaram posições compradas na moeda norte-americana desde o início da sessão, com o dólar ultrapassando o patamar dos R$ 6,09 e marcando alta de 1% já na primeira hora de negociações. Por trás do movimento, estava a preocupação de que o governo possa não conseguir a aprovação de suas medidas de contenção de gastos no Congresso tal como foram propostas até o fim deste ano, conforme os parlamentares entram na última semana de trabalho antes do recesso de fim de ano.

A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva das negociações corpo a corpo com as lideranças políticas pelo avanço do pacote fiscal, uma vez que ele se encontra em São Paulo se recuperando de uma cirurgia para drenar um hematoma no crânio, parecia ofuscar ainda mais as perspectivas de aprovação das medidas. Segundo o banco BMG, há uma grande apreensão em relação ao pacote e sobre a votação do Orçamento, sobre o que foi proposto e o que pode cair. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com Lula nesta segunda-feira (16/12) para discutir as medidas fiscais. O presidente fez um apelo para que as propostas do governo não sejam desidratadas. Ainda durante a manhã, houve um período de alívio para o Real, com o dólar devolvendo praticamente todos os ganhos após a realização de um leilão à vista pelo Banco Central, em que foram vendidos mais de R$ 1,6 bilhão. Este foi o maior valor de um único leilão à vista desde 10 de março de 2020.

Mais tarde, a autarquia ainda vendeu US$ 3 bilhões em um leilão de linha (dólares com compromisso de recompra), com o valor total das vendas no dia superando os US$ 4,6 bilhões, no que foi a terceira sessão consecutiva com intervenção no mercado de câmbio. Na quinta-feira (12/12), o Banco Central já havia vendido US$ 4 bilhões em dois leilões de linha e na sexta-feira (13/12) vendeu US$ 845 milhões em um leilão à vista. Em reação às operações desta segunda-feira (16/12), o dólar alcançou a mínima do dia, a R$ 6,02 (-0,07%). Mas, a reação da moeda brasileira durou pouco e o dólar voltou a subir de forma sólida, atingindo novamente alta de 1% no dia. O cenário está difícil e volátil, então o leilão tem efeito pontual, mas não muda a trajetória de alta. As taxas de juros futuras elevadas, que dispararam novamente com os receios pelo cenário fiscal, serviam como outro fator negativo para o Real, afastando investidores estrangeiros do mercado nacional. Segundo a StoneX, o mercado também reagiu às críticas feitas pelo presidente Lula à condução da política monetária, sua primeira declaração sobre o tema depois que o Copom elevou a Selic em 1%, a 12,25% ao ano, na semana passada.

O presidente Lula afirmou em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, divulgada no domingo (15/12), que "a única coisa errada nesse País é a taxa de juros estar acima de 12%. Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação". Investidores aguardam pela ata do último encontro do Copom, que será divulgada nesta terça-feira (17/12) detalhando a decisão do colegiado de elevar a Selic em 1%, para 12,25%, e sinalizar outros dois aumentos de 1% para o início do próximo ano. No cenário externo, os mercados aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nesta quarta-feira (18/12), em que se espera uma redução de 0,25% nos juros. As atenções devem se concentrar nas projeções das autoridades do banco central dos Estados Unidos para os movimentos dos próximos meses, presente no "gráfico de pontos". O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,02%, a 106,850. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.