17/Dec/2024
Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), as sucessivas altas nas taxas de juros e o crescente endividamento rural devem pressionar fortemente o custo da safra de grãos 2025/2026 no Rio Grande do Sul. A Selic já está em 12,25%. O Copom já informou que vai aumentar nas duas próximas reuniões 1% em cada. Então, os juros irão no mínimo a 14,25%. Dados mostram que 166.396 produtores que renegociaram aproximadamente R$ 24,5 bilhões em dívidas. Deste total, 38 mil agricultores, com débitos somando R$ 6 bilhões, fizeram renegociações atreladas ao CDI. CDI mais 5, mais 6, mais 7, mais 10, depende do produtor. Com o CDI atual em 12,2%, muitos já pagam juros superiores a 20% ao ano. O cenário é agravado pela necessidade do governo federal de rolar sua dívida pública, que soma R$ 9 trilhões, com R$ 2,5 trilhões vencendo em até um ano. O Plano Safra 2023/2024, anunciado como o maior da história, com R$ 400 bilhões, tinha apenas R$ 100 bilhões em crédito subsidiado. Os outros R$ 300 bilhões eram recursos livres.
A Farsul informou que o BNDES liberou R$ 2,5 bilhões nesta segunda-feira (16/12), com expectativa de mais R$ 2 bilhões até o fim do ano. A Farsul vai trabalhar numa agenda para minimizar o caso desses 38 mil produtores, porque o problema apenas foi empurrado para frente. A Farsul não divulgará projeções para a safra 2024/2025 devido às incertezas que afetam os modelos de previsão. Apesar de não fazer projeções próprias, foram apresentados dados de outros institutos que indicam aumento na produção. Mesmo com queda de 2,7% na área colhida devido às enchentes, houve crescimento de 30% na produção em 2024. O ano de 2023 foi tão ruim, que nem a enchente conseguiu ser pior. Há preocupação com a qualidade do plantio atual. Muitos produtores tiveram dificuldade de acesso a crédito, seja por escassez, seja por atraso nas liberações.
Previsões de chuvas abaixo da média no oeste e fronteira oeste do Estado durante janeiro e fevereiro preocupam. A falta de chuva é mais prejudicial que o excesso para a produção agrícola no Estado. O Rio Grande do Sul precisa avançar em políticas de armazenamento de água. Num Estado onde chove em torno de 1.800 milímetros por ano, chegando a 2.000 em algumas regiões, é preciso simplificar as regras para que o produtor possa armazenar água. Como exemplo de sucesso na gestão hídrica, pode-se citar a lavoura orizícola, que abastece entre 60% e 70% do mercado nacional. É uma lavoura 100% irrigada. Ela é 100% irrigada porque no passado não havia a burocracia dos licenciamentos ambientais. Além da questão dos licenciamentos ambientais, existem outros gargalos a serem superados, como o acesso à energia elétrica e ao financiamento para implementação dos sistemas de irrigação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.