17/Dec/2024
A escalada do dólar e a consolidação da moeda americana acima da marca de R$ 6,00 já levam indústrias de alimentos, bebidas, higiene, limpeza, eletrodomésticos e eletroeletrônicos a programar aumentos de preços de até dois dígitos para o início do ano que vem. A pressão de custos pela disparada da moeda norte-americana, que acumula alta de mais 4% este mês e quase 25% no ano, mexeu nas projeções de inflação para 2024 e, principalmente, 2025. A mediana das projeções do mercado para 2025 rompeu o teto da meta de inflação (4,5%). A LCA Consultores ampliou a projeção do IPCA de 2024, de 4,8% para 5%, e de 2025, de 4,4% para 4,5%. A MB Associados revisou de 4,7% para 4,8% a inflação deste ano e ampliou de 4% para 4,4% a de 2025. A LCA Consultores elevou a projeção de 2025 por conta dos efeitos defasados da desvalorização cambial do final deste ano e da maior inércia dos preços advinda de 2024.
A alta do câmbio já provoca reflexos nos preços de alimentos importados consumidos nas festas de fim de ano. Frutas secas e frescas, azeite, bacalhau, por exemplo, foram elevados em cerca de 10% na semana passada, depois de já terem subido entre 4% e 5% em novembro, relatam supermercadistas. Este será o Natal mais caro dos últimos anos. O que está surpreendendo é a pressão do câmbio sobre os preços das frutas frescas. O preço do melão nacional no mercado doméstico, por exemplo, chega a R$ 50,00 a unidade. Esse valor é puxado pela cotação do produto, muito demandado para exportação. Com o dólar em alta, produtores brasileiros preferem vender a fruta para o exterior a comercializar no mercado interno. Isso reduz a oferta e pressiona preços nos supermercados. No caso dos itens industrializados, os aumentos devem ocorrer em janeiro.
Grandes indústrias de higiene e limpeza já indicaram reajustes de 10% a 12%. Nos laticínios, a sinalização é de 10%. E, no caso de derivados de carnes e congelados, os aumentos são ainda maiores: variam de 15% a 19% para o mês que vem. Por ora, a intenção dos fabricantes é garantir o volume de vendas com produtos fabricados a um câmbio com cotação menor do que a atual para aproveitar o aumento de vendas que normalmente ocorre no Natal e Ano-Novo. Mas, passada a comemoração de fim de ano, os preços desses itens industrializados e dos bens duráveis devem voltar a subir. Executivos de empresas do setor de eletrodomésticos e eletrônicos afirmam que o aumento será inevitável e que toda a indústria vai ter de recalibrar preço a partir de 2025. O tamanho do aumento vai depender da quantidade de componentes importados ou de matérias-primas usadas na fabricação de cada produto. Plástico e aço, por exemplo, embora produzidos no País, têm preços cotados em dólar e acompanham as oscilações do mercado internacional.
Os empresários lembram que, até dois meses atrás, as projeções de câmbio giravam em torno de R$ 5,20. Os aumentos só não ocorrem neste momento porque a maioria dos varejistas de bens duráveis está com os produtos “em casa”, isto é, entregues nos centros de distribuição e já faturados com a indústria. As indústrias de bens duráveis afirmam que não conseguem segurar os aumentos de preços devido à alta de custos em função do dólar. Isso porque as margens estão apertadas. Questionado se o mercado aguentaria um novo reajuste de preços dos bens duráveis, um empresário disse que a questão é se o mercado aguenta. Na avaliação da MB Associados, o novo patamar do câmbio, consolidado em torno de R$ 6,00 vai trazer muita dificuldade para a inflação de 2025. Mesmo com a desaceleração esperada da demanda, não deve ser suficiente para compensar o efeito do câmbio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.