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11/Dec/2024

Inflação é a mais alta para novembro desde 2022

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (10/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,39% em novembro, ante uma elevação de 0,56% em outubro. A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 4,29%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,87%, resultado acima da mediana das projeções (4,70% a 4,92%, com mediana de 4,84%). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,33% em novembro, após uma alta de 0,61% em outubro. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 4,27% no ano. A taxa em 12 meses foi de 4,84%.

Em novembro de 2023, o INPC tinha sido de 0,10%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. A alta registrada pelo IPCA em novembro de 2024 foi o resultado mais brando desde agosto de 2024, quando caiu 0,02%. Considerando apenas meses de novembro, a taxa foi a mais alta para o mês desde 2022, quando avançou 0,41%. Em novembro de 2023, a taxa tinha sido de 0,28%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo terceiro mês consecutivo, passando de 4,76% em outubro de 2024 para 4,87% em novembro de 2024, mantendo-se acima do teto da meta de inflação. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.

O grupo Alimentação e bebidas saiu de um avanço de 1,06% em outubro para alta de 1,55% em novembro. O grupo contribuiu com 0,33% para a taxa de 0,39% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 1,81% em novembro. Os destaques foram os aumentos nos preços das carnes (8,02%), especialmente nos cortes alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%), contrafilé (7,83%) e costela (7,83%). Houve altas também no óleo de soja (11,00%) e no café moído (2,33%). Por outro lado, ficaram mais baratos a manga (-16,26%), cebola (-6,26%) e leite longa vida (-1,72%). A alimentação fora do domicílio aumentou 0,88% em novembro. O lanche subiu 1,11%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,78%.

Os preços dos alimentos voltaram a subir em novembro, com a restrição de oferta de alguns produtos, em decorrência de exportações maiores e de problemas climáticos. A desvalorização do Real ante o dólar também contribui para o fenômeno, uma vez que estimula exportações. A despesa com Alimentação e bebidas passou de um avanço de 1,06% em outubro para alta de 1,55% em novembro. Alimentação e bebidas representou tanto o maior impacto quanto a maior variação do mês. A alimentação no domicílio aumentou 1,81% em novembro, terceira alta consecutiva, além de ter sido a maior taxa desde janeiro deste ano, quando também subiu 1,81%. Em novembro, os destaques foram os aumentos nos preços das carnes, uma alta de 8,02%, com uma contribuição de 0,20% no IPCA de novembro.

Foi o aumento mais expressivo desde dezembro de 2019, quando as carnes tinham subido 18,06%. Não só carne bovina, como carne suína de frango tiveram aumentos de preços no mês de novembro. Nas carnes, observou-se uma menor disponibilidade no mercado interno de animais para abate e aumento das exportações. Com relação ao óleo de soja, tem menor disponibilidade no mercado interno e maior exportação. Nas hortaliças e verduras, é alface, coentro, cheiro verde. Todas essas hortaliças têm apresentado alta de preços em função de altas de temperaturas.

Por outro lado, ficaram mais baratos a manga (-16,26%), cebola (-6,26%) e leite longa vida (-1,72%) em novembro. O câmbio é um dos fatores que pode influenciar o comportamento não só de alimentos, mas também de diversos outros subitens da cesta do IPCA. No caso dos alimentos, um câmbio mais desvalorizado tende a fazer com que haja mais atratividade para destinar os produtos para o mercado externo. Além disso, o câmbio pode influenciar também preços de commodities e de bens industrializados, como produtos com componentes importados. O câmbio não afeta pontualmente, é uma questão que vai ao longo dos meses.

Soja, milho e trigo são commodities cotadas em dólar, que são matéria-prima, por exemplo, para a ração animal, para o pão francês. Nos últimos três meses, a alimentação no domicílio acumulou uma alta de 3,63%, ante um avanço de 1,40% no IPCA. O grupo alimentação e bebidas subiu 3,14% no período. Nos 12 meses encerrados em novembro, o grupo alimentação e bebidas acumula uma alta de 7,63%, e a alimentação no domicílio acumula aumento de 8,41%. O IPCA do período ficou em 4,87%. Isso significa que a alimentação no domicílio tem contribuído para puxar o IPCA para cima, uma vez que está acima do índice geral.

Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma queda de 0,38% em outubro para uma alta de 0,89% em novembro. O grupo deu uma contribuição de 0,18% para a taxa de 0,39% registrada pelo IPCA de novembro. A passagem aérea subiu 22,65%, item de maior pressão na inflação do mês, uma contribuição de 0,13%. Os combustíveis caíram -0,15%, puxados pelas quedas nos preços do etanol (-0,19%) e da gasolina (-0,16%). O gás veicular subiu 0,09%, e o óleo diesel aumentou 0,03%. O ônibus urbano avançou 3,64%, após a concessão de gratuidades nas passagens nos dias de eleições municipais em diversas áreas de abrangência da pesquisa no mês de outubro.

As famílias brasileiras gastaram 1,53% a menos com Habitação em novembro, uma contribuição de -0,24% para a taxa de 0,39% registrada no mês. A energia elétrica residencial passou de uma elevação de 4,74% em outubro para uma queda de 6,27% em novembro, item de maior alívio sobre o IPCA do mês, -0,27%. O recuo foi devido à substituição da bandeira tarifária vermelha patamar 2 pela bandeira tarifária amarela, a partir de 1º de novembro, diminuindo assim a cobrança extra nas contas de luz a R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. Além disso, houve reajustes tarifários. O subitem taxa de água e esgoto subiu 0,04%, incorporando o reajuste médio de 32,77% em Rio Branco aplicado a partir 5 de janeiro e que não havia sido apropriado no índice. O gás encanado diminuiu 0,15%.

Os gastos das famílias com Despesas Pessoais passaram de uma elevação de 0,70% em outubro para uma alta de 1,43% em novembro. O grupo deu uma contribuição de 0,14% para a taxa de 0,39% do IPCA de novembro. O avanço no grupo foi influenciado pelo aumento de 14,91% no cigarro, segundo item de maior impacto individual no IPCA do mês, uma contribuição de 0,07%, atrás apenas de passagens aéreas. Em 1º de novembro, houve aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre cigarros.

A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, passou de um aumento de 0,35% em outubro para uma alta de 0,83% em novembro. Os serviços foram influenciados por passagens aéreas e pela alta na alimentação fora do domicílio. Teve aumento também de pacote turístico, alta de preços na hospedagem. O mês de novembro tem muitos feriados, e é um mês que já está próximo do final de ano. Inclusive algumas áreas tiveram feriados prolongados. Isso pode ter contribuído para esse aumento nas passagens aéreas e nos serviços turísticos. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de elevação de 0,71% em outubro para uma queda de 0,87% em novembro. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 4,57% em outubro para 4,71% em novembro. A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 6,27% em outubro para 5,17% em novembro.

Seis dos nove grupos que integram o IPCA registraram quedas de preços em novembro. A taxa de 0,39% do IPCA de novembro foi sustentada por aumentos de preços concentrados em apenas três atividades: Alimentação e bebidas (1,55%, impacto de 0,33%), Transportes, (0,89% e impacto de 0,18%) e Despesas pessoais (1,43% e impacto de 0,14%). Na direção oposta, houve deflação em Habitação (-1,53%, impacto de -0,24%), Saúde e cuidados pessoais (-0,06%, impacto de -0,01%), Vestuário (-0,12% e impacto de 0,00%), Educação (-0,04%, impacto de 0,00%), Artigos de residência (-0,31%, impacto de -0,01%) e Comunicação (-0,10% e 0,00%). Todas as 16 regiões investigadas pelo IBGE registraram altas de preços em novembro. O resultado mais brando foi verificado em Porto Alegre (RS), 0,03%, enquanto o mais elevado ocorreu em Rio Branco (AC), com aumento de 0,92%.

A inflação oficial no País precisaria encerrar dezembro com alta de até 0,20% para que o Banco Central consiga cumprir a meta perseguida para 2024. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%. Em novembro, o IPCA mostrou altas de preços em três grupos de despesas, mas quedas nos outros seis. Houve redução ainda no índice de difusão, tanto entre os itens alimentícios quanto nos não-alimentícios. O índice de difusão, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, passou de 62% em outubro para 58% em novembro. A difusão de itens alimentícios diminuiu de 67% em outubro para 65% em novembro. A difusão de itens não alimentícios saiu de 57% em outubro para 52% em novembro. Teve uma inflação mais concentrada em novembro do que no mês anterior. A alta de preços foi observada numa menor quantidade de subitens. A inflação foi menos espalhada do que no mês anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.