10/Dec/2024
O dólar fechou perto da estabilidade frente ao Real nesta segunda-feira (09/12), mas renovou a cotação máxima histórica, com as preocupações com o cenário fiscal brasileiro mais do que compensando o impulso positivo para divisas emergentes no exterior, em meio à expectativa dos investidores locais por dados de inflação doméstica e pela reunião do Copom. O dólar encerrou em alta de 0,09%, cotado a R$ 6,08, no maior valor nominal de fechamento da história. Nesta sessão, investidores estrangeiros tomaram posições compradas em uma série de moedas emergentes, como rand sul-africano e peso chileno, refletindo ímpeto gerado por notícias vindas da China.
A mídia estatal chinesa informou que o país adotará uma política monetária "adequadamente frouxa" no próximo ano como parte das medidas de apoio ao crescimento econômico, marcando a primeira mudança para um afrouxamento desde 2010. A notícia foi bem recebida em mercados emergentes, com agentes financeiros em busca de ativos atrelados a commodities, conforme os preços de mercadorias importantes, como petróleo e minério de ferro, subiram. A China é o maior importador de matérias primas do planeta. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,24%, a 106,200.
No Brasil, no entanto, a informação não gerou o mesmo efeito sobre o Real, com os investidores locais muito focados nos próximos eventos econômicos desta semana e nos esforços do governo para aprovar suas medidas de contenção de gastos no Congresso ainda neste ano. O mercado recebeu mal a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar um recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para revisar as regras que havia definido na semana passada para liberar o repasse de emendas parlamentares. A decisão teria travado o avanço do pacote fiscal na Câmara dos Deputados e ameaçava jogar a votação das medidas para 2025.
A espera pelos dados do IPCA de novembro, nesta terça-feira (10/12), e pela decisão do Copom, nesta quarta-feira (11/12), ainda fizeram com que a moeda norte-americana oscilasse em margens estreitas nesta sessão. O dólar marcou a cotação máxima da sessão de R$ 6,08 perto do fechamento, tendo atingida a mínima de R$ 6,03 (-0,65%) pela manhã. Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação acima do teto da meta perseguida pela autarquia, com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo, este ano e no próximo. A pesquisa Focus mostrou que os economistas agora preveem altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
Segundo o BTG Pactual, dada a deterioração prevista para a inflação em 2025 e 2026 e a desancoragem adicional das expectativas em meio a um quadro de atividade econômica resiliente, a visão é de que o Banco Central precisará reavaliar seu ciclo de aperto e acelerar o ritmo na reunião de dezembro. Operadores colocavam 74% de chance de uma alta de 1% na Selic nesta quarta-feira (11/12), contra 26% de probabilidade de um aumento de 0,75%. Na sexta-feira (06/12), a chance do movimento maior era de 59%. O Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.