10/Dec/2024
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as secas custam mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,8 trilhão) por ano em todo o mundo. O relatório apresentado no segundo dia da COP16 sobre a desertificação. O relatório alerta que as secas alimentadas pela “destruição humana do meio ambiente” afetarão 75% da população mundial em 2050. O custo da crise é de US$ 307 bilhões por ano em todo o mundo. Para reverter a situação, a ONU pede investimentos urgentes em “soluções baseadas na natureza”, como o reflorestamento, a gestão de pastagens e a administração, restauração e conservação de bacias hidrográficas para reduzir as perdas e beneficiar o meio ambiente. Neste ano, que deve ser o mais quente já registrado, as secas tiveram efeitos devastadores no Equador, Brasil, Namíbia, Malauí e na bacia do Mediterrâneo. O custo econômico da seca vai além das perdas agrícolas imediatas.
Afeta toda a cadeia de suprimentos, reduz o PIB, tem impacto sobre os meios de subsistência e leva à fome, desemprego, migração. Representa desafios de segurança humana a longo prazo. Segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), gerenciar a terra e os recursos hídricos de forma sustentável é essencial para estimular o crescimento econômico e reforçar a resistência das comunidades presas em ciclos de seca. A publicação do relatório coincide com a 16ª reunião da UNCCD, que prosseguirá até o dia 13 de dezembro em Riad, na Arábia Saudita, para buscar medidas de proteção e restauração da terra e respostas para as secas. A conferência foi apresentada pelo secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, como um “momento decisivo” no combate contra a seca e o avanço dos desertos.
A última conferência, organizada em 2022 na Costa do Marfim, culminou com o compromisso de acelerar a restauração de bilhões de hectares de terras degradadas, cuja qualidade foi alterada por atividade humana como contaminação ou desmatamento, até 2030. A UNCCD, que reúne 196 países e a União Europeia, estima que será preciso restaurar 1,5 bilhão de hectares de terras degradadas antes do fim da década, desafio colossal em escala mundial. A COP16 sobre a desertificação visa alcançar consenso sobre a necessidade de acelerar a restauração de terras degradadas e desenvolver uma estratégia “proativa” em relação às secas. Já há perda de 40% das terras, o que impacta tanto na segurança alimentar quanto nas migrações. As reuniões em Riad começam dez dias após o fim da COP29, no Azerbaijão, onde a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo, foi acusada de impedir menção ao fim do uso da energia fóssil no acordo final.
A agência meteorológica da ONU informa que 2023 foi o ano mais seco em mais de três décadas para os rios do mundo, uma vez que o recorde de calor sustentou uma seca dos fluxos de água e contribuiu para estiagens prolongadas em alguns lugares. O cenário é reflexo da aceleração das mudanças climáticas. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) diz ainda que os glaciares que alimentam os rios em muitos países sofreram a maior perda de massa nos últimas 50 anos, alertando que o derretimento do gelo pode ameaçar a segurança hídrica a longo prazo para milhões de pessoas no mundo. Segundo a OMM, metade do planeta enfrentou condições de fluxo de rios secos em 2023, quando começaram os efeitos do El Niño, que leva à elevação das temperaturas. O sul dos Estados Unidos, a América Central e países da América do Sul (como Argentina, Brasil e Peru) tiveram condições de seca generalizada e os níveis de água mais baixos já observados na Amazônia e no Lago Titicaca, entre Peru e Bolívia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.