09/Dec/2024
Para o Ibre/FGV, é pouco provável que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul traga mudanças no curto prazo para a realidade econômica brasileira, uma vez que os efeitos de grandes negociações assim são sempre mais de médio e longo prazo. Porém, algumas questões podem ficar mais evidentes com o passar do tempo, como o aumento da importação de bens da Europa para o Brasil, especialmente de itens em que os países europeus têm poucos concorrentes. Outro elemento importante dessa equação é o provável aumento do elo entre o Brasil e as cadeias produtivas da Europa.
Existem muitas multinacionais da Europa que já atuam no País e que podem optar pela retomada da inclusão do Brasil em suas cadeias, em um momento em que as empresas chinesas são cada vez mais atuantes no País. O acordo significará tarifas mais baixas de importação de insumos, como máquinas e insumos agrícolas, o que tende a gerar algum ganho de produtividade ao País, especialmente no setor agropecuário. Quando liberaliza, principalmente, bens e insumos, há um choque de produtividade, que diminui o custo de produção, já que tem acesso a melhores bens intermediários.
Nesse sentido, é destaque o possível benefício para a exportação de carnes brasileiras para a Europa. Se espera que haja um ganho, porque a Europa tem muitas regras e normas fitossanitárias. Então, o acordo também facilita, porque de antemão você tem esse reconhecimento recíproco das normas sanitárias. Em um cenário positivo, se espera esse aumento. Do lado da Europa, é uma tentativa de garantir, na América do Sul, um mercado importante, no momento em que há elevação das tensões entre Estados Unidos e China.
Para o Brasil, se trata de um "primeiro grande acordo", já que o único tratado relevante do País é com o próprio Mercosul. É positivo para a economia brasileira e tem um efeito indireto de fortalecer o Mercosul. No campo diplomático, o acordo reforça a ideia de que uma política externa brasileira "ativa e altiva" está sendo concretizada. É um recado de que o Brasil não é apenas o Brics e que também faz acordos para a União Europeia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.