09/Dec/2024
Após 25 anos de negociação, o Mercosul e a União Europeia firmaram acordo comercial. O anúncio foi feito na sexta-feira (06/12) antes da reunião da Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai. Em breves pronunciamentos, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, destacaram as negociações e enfatizaram a importância do tratado. Von der Leyen destacou que o acordo não é apenas uma oportunidade econômica, mas uma necessidade política.
O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, reiterou a importância do acordo comercial entre os dois blocos. O discurso mais extenso foi o de Von der Leyen, que enfatizou três pontos principais: apoio entre as democracias, melhoria econômica para os países que participam dos dois blocos e o compartilhamento de valores. “A União Europeia e o Mercosul criaram uma das alianças de comércio e investimento maiores que o mundo tenha visto. Estamos derrubando barreiras e estamos permitindo que entrem os investimentos. Estamos formando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores. E essa aliança vai fortalecer as cadeias de valor, vai desenvolver indústrias estratégicas, vai apoiar a renovação e vai criar trabalhos e valores para ambos os lados do Atlântico”, disse.
Ursula Von der Leyen afirmou que está ciente das preocupações dos produtores agrícolas europeus. O acerto sofreu resistência principalmente da França, que protege seus agricultores da concorrência de países como o Brasil. Ela ressaltou que os padrões europeus para alimentos e bebidas não mudarão e os blocos devem garantir que o acordo produza tudo o que promete. A dirigente europeia disse que o acordo entre os blocos é bom para as duas partes, e destacou que beneficia a Europa. Segundo ela, o acerto garante investimentos e respeitam patrimônio natural do Mercosul. A aliança vai fortalecer cadeias de valor, indústrias, inovação e criar trabalhos para ambos os lados, afirmou. Von der Leyen destacou ainda que os interesses dos negócios dos países foram considerados nas negociações.
Ela mencionou o momento turbulento da política internacional e mencionou as democracias que vigoram nos dois blocos. Von der Leyen disse que a aliança está sendo fortalecida “como nunca antes”. Havia expectativa para o anúncio, elevada pela presença de Van der Leyen em Montevidéu. As tratativas para o fechamento do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que reunirá 700 milhões de consumidores, se estenderam ao longo de 25 anos. As discussões para o tratado tiveram grande avanço em 2019, quando houve um “acordo político”, que acabou emperrado pela resistência de diversos países europeus, notadamente a França, que enfatizou as críticas a questões ambientais.
Em comunicado conjunto, o Mercosul e a União Europeia explicaram que a conclusão das negociações comerciais entre os dois blocos permite a preparação dos textos de um acordo de parceria para assinatura e ratificação. A frase simples, mas colocada no início da declaração, pontua o que a comissária europeia Ursula von der Leyen enfatizou antes, durante pronunciamento à imprensa: que o anúncio feito na sexta-feira (06/12) terá continuidade. Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, o acordo chegou ao mesmo estágio em que foi anunciado na sexta-feira (06/12), mas retrocedeu. Agora, há um acerto entre a europeia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que não haja novamente um engavetamento do tratado.
"Fruto do esforço de mais de duas décadas de tratativas, o resultado alcançado pelas duas regiões é transformador tanto da perspectiva econômica quanto política, além de reforçar o Mercosul como plataforma de inserção internacional de seus Estados Partes", trouxe o documento. O comunicado salienta que o Acordo integrará dois dos maiores blocos econômicos do mundo. "Juntos, Mercosul e União Europeia reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 22 trilhões de dólares", pontuou, acrescentando que, quando examinado pelo volume de comércio entre os dois blocos, trata-se ao mesmo tempo do maior acordo comercial negociado pelo Mercosul e um dos maiores dentre aqueles pactuados pela União Europeia com parceiros comerciais.
O acordo vai gerar para o Brasil um efeito positivo de 0,34% sobre o PIB (R$ 37 bilhões), com aumento de 0,76% nos investimentos (R$ 13,6 bilhões). O governo brasileiro divulgou uma lista de efeitos positivos para o País, apontando também para uma redução de 0,56% no nível de preços ao consumidor e aumento de 0,42% nos salários reais. Nas trocas comerciais, o impacto é 2,46% (R$ 42,1 bilhões) sobre as importações totais, e de 2,65% (R$ 52,1 bilhões) sobre as exportações totais. Os desvios percentuais foram estimados para o ano de 2044, e os valores em Reais consideram o ano base de 2023. No ano passado, foram exportados US$ 46,3 bilhões para o bloco europeu, enquanto o Brasil importou US$ 45,4 bilhões dos países da União Europeia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.