09/Dec/2024
A ESPM avalia que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) deve tirar as duas economias de um momento crítico que "tem nome e sobrenome: Donald Trump". Talvez o grande incentivador para a assinatura desse acordo tenha sido a onda protecionista nos Estados Unidos. A maior economia do mundo é responsável por mais de 15% das compras de produtos internacionais. Se os Estados Unidos fecham a porta, o resto do mundo sente. A União Europeia e o Mercosul perceberam que um precisava ajudar o outro, como uma ‘tábua de salvação’ para o futuro aumento de protecionismo nos Estados Unidos. A locomotiva da economia europeia, a Alemanha, está entrando em seu terceiro ano de recessão. Outro risco para as economias é o cenário em que a China tem elevado as exportações tanto para países europeus quanto para latino-americanos, o que pode fragilizar a indústria de ambos os lados.
O Produto Interno Bruto (PIB) europeu deve ter ganho de 15,4 bilhões de euros em 2025 com o acordo. O PIB do Mercosul terá um incremento de 11,4 bilhões de euros, com destaque para Brasil e Argentina vendendo principalmente produtos do agronegócio. O acordo parece atender aos "pedidos essenciais" do governo brasileiro, como proteção da indústria farmacêutica brasileira. Isso é importante porque a indústria farmacêutica europeia, principalmente da Alemanha, é muito forte. Outro ganho do ponto de vista de mercado é a atualização tecnológica para o Brasil: com a assinatura do acordo, abre-se espaço para necessidade de investimento e possibilidade de que Brasil entre em cadeias produtivas internacionalmente.
Apesar de tanto o Mercosul quanto a União Europeia terem anunciado na sexta-feira (06/12), a conclusão final das negociações para o acordo de livre comércio, ainda haverá outros trâmites até que este entre em vigor. Passará por uma tradução, porque o documento foi escrito em inglês, para todos os idiomas dos países europeus e, no Mercosul, português e espanhol. Também é feita assinatura com questão jurídica, e depois vai à assinatura de acordo pelos negociadores. O passo seguinte é ir para o Conselho de Estado, em que os 27 chefes de Estado europeu vão avaliar a assinatura, por exemplo, e é este o momento em que França (contra o acordo) espera. A oposição francesa é problemática e tem peso, mas dificilmente vai impedir a assinatura do acordo, visto que 20 entre 27 países da União Europeia são favoráveis ao livre comércio entre as economias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.