06/Dec/2024
Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não consegue fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com apenas um dígito, como 4 x 5 ou 3 x 8, ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo. E nos dois casos só 1% ficou no patamar avançado de conhecimento. O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo na quarta-feira (04/12). É a primeira vez que o Brasil participa desse exame. O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55 posição entre 58 países em matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.
Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças começam cedo: 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de matemática. O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Singapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-Estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul. A nação mais bem posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º. Os resultados dos países podem ser expressos de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando níveis de dificuldade: baixo, intermediário, alto e avançado
Só 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas; 5% não acertaram nada. O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503. Segundo o Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave. É preciso olhar para equidade também. Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa. Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.
O relatório do TIMSS informa que os dados do Brasil têm reservas sobre a confiabilidade por causa da percentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4º ano. No ranking de matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões nesse caso passam a incluir álgebra e probabilidade. Na prova de ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor em matemática. Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em ciência nações que são melhores em matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.
No 4º ano, 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. No 8º ano, só 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor. O resultado das escolas particulares brasileiras no ranking de matemática na TIMSS faria o Brasil subir algumas posições na lista, mas não o suficiente para chegar à nota média dos países participantes. No 4º ano do ensino fundamental, se fossem ignoradas as notas dos alunos de escolas públicas, o País estaria na 45ª posição (em vez de 55ª), entre a Macedônia e o Catar. No 8º ano, a situação é um pouco melhor e o País ficaria logo abaixo de Portugal, em 27º (14 lugares acima da posição geral do Brasil). Mesmo com essa melhora, a nota dos alunos da escola privada é de 393 pontos, quando a média das nações participantes ficou em 478 (a nota está numa escala que poderia ir até 1000).
O desempenho das redes públicas puxou a média do Brasil para baixo. Na rede municipal, onde está a maioria dos alunos de 9 anos que fizeram o TIMSS, a média foi de 381,9. A nota geral do País foi de 400 pontos no 4º ano. O estado de São Paulo, separadamente, também não tem resultado muito diferente do Brasil em matemática. As tabulações de dados mais específicos dos Brasil foram divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC). A nota dos alunos de São Paulo no 4º ano, apesar de numericamente superior à geral do Brasil (417 ante 400), não faria o País subir nenhuma posição no ranking, continuando abaixo da Arábia Saudita e do Irã. No 8º ano, São Paulo fica três posições acima na lista, mas ainda abaixo da África do Sul, por exemplo. O Rio Grande do Sul é o Estado com a melhor média de Matemática. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.