05/Dec/2024
O Google está doando cerca de R$ 20 milhões (US$ 4 milhões) para apoiar projetos que utilizem inteligência artificial (IA) e outras tecnologias no combate às mudanças climáticas no Brasil, nos próximos três anos. As iniciativas serão escolhidas pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), entidade filantrópica que já repassou R$ 518 milhões em doações a projetos ligados ao tema, nos últimos nove anos. Será lançado um edital no início do próximo ano, com a intenção de atrair projetos feitos a partir de soluções baseadas na natureza, como são chamados a gestão e o uso sustentável de recursos e processos naturais para enfrentar desafios socioambientais. Entre eles, podem estar soluções que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, combatam o desmatamento e eventos climáticos extremos, bem como promovam o desenvolvimento sustentável local.
A doação é a maior já feita por meio da Google.org, organização filantrópica da bigtech, à América Latina. Nos últimos dez anos, a entidade doou US$ 4,5 milhões a projetos voltados à sustentabilidade no País. tecnologia pode fazer as buscas por soluções darem um salto e ganharem escala inédita. O Brasil está no centro das discussões sobre o tema e a COP30, que acontecerá no ano que vem em Belém, irá tornar esse protagonismo ainda mais relevante. A empresa já apoiou dezenas de projetos no Brasil, mas de menor porte. No ano passado, por exemplo, o Google.org doou US$ 500 mil para The Nature Conservancy dar visibilidade à origem da madeira vendida no País e coibir a exploração ilegal. A mesma quantia foi destinada à Fundação Amazônia Sustentável (FAS) para apoiar empresas lideradas por mulheres indígenas.
Além disso, há diferentes iniciativas de aprimoramento tecnológico para monitoramento de florestas e alertas de desmatamento e queimadas, previsão de enchentes e redução de emissão de gás carbônico nas cidades, sempre em parceria com autoridades governamentais nessas áreas. O objetivo é aprimorar as soluções por meio do uso de dados. A percepção com a urgência pelas soluções tem crescido de maneira exponencial. Mais do que destinar recursos ao Brasil, a decisão do Google.org foi pensada no planeta. O papel da Amazônia como regulador de temperatura global e todas as tragédias climáticas que vêm se sucedendo evidenciam essa necessidade. Ao fazer a doação, a empresa também pretende estimular outras companhias a fazerem movimento semelhante.
As soluções baseadas na natureza muitas vezes são difíceis de destravar porque podem incluir um espectro bastante amplo, que vão desde programas de restauração de áreas degradadas a conservação de florestas em pé, promoção da bioeconomia, agricultura regenerativa, geração de energia com biocombustíveis de segunda geração. Apesar do Brasil ter uma enorme oportunidade para isso, são difíceis de escalar e têm suas dificuldades também de acontecer. As soluções tecnológicas têm um potencial interessante porque podem oferecer formas de monitorar, organizar e interpretar dados. Elas podem servir, por exemplo, para o uso da tokenização que demonstrem como florestas estão sendo gestadas.
Também podem dar capacidade de acesso a financiamento a populações mais pobres, com inclusão financeira e inovação tecnológica ou promover formas mais transparentes de como uma política pública está sendo aplicada. Após a seleção dos projetos, o iCS acompanhará os trabalhos para entender o resultado das soluções aplicadas e se podem ser replicadas ou mesmo associadas a outras iniciativas desenvolvidas pela organização, com diferentes doadores. O Brasil disputou os recursos do Google.org com outros países nos quais a empresa tem operações. A entidade faz doações nesse sentido com regularidade. Em um dos projetos recentes, destinou US$ 30 milhões para acelerar avanços tecnológicos em informação e ações contra mudanças climáticas. Selecionou organizações que receberam fundos e expertise técnica.
Entre os projetos apoiados está um que usa dados de satélite e IA para acompanhar o degelo do Ártico ou outro que entende os efeitos das mudanças climáticas em manguezais. A subsidiária do Google não terá benefícios tributários com a doação. Os recursos e os ganhos trazidos pelas iniciativas, porém, poderão servir para compor a meta de neutralidade de emissões da corporação, até 2030. O Google nega que a iniciativa seja uma forma de melhorar a imagem junto à opinião pública, por conta de debates em políticas públicas em andamento. O Google.org é uma entidade separada, que só olha projetos filantrópicos. É uma atuação de longo prazo que não coincide com outras pautas em andamento no negócio em si. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.