04/Dec/2024
Segundo a Tendências Consultoria, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, de 0,9% na margem e de 4% na comparação com o mesmo período do ano passado, dificilmente se repetirá em 2025. Primeiro porque muito do que o Brasil está colhendo de crescimento este ano está apoiado no estímulo fiscal que no ano que vem não se repetirá, dado que a agenda fiscal capitaneada pelo ministro Fernando Haddad se assenta sobre a redução dos gastos públicos. Segundo, porque o cenário econômico externo, guiado pelas medidas que Donald Trump tomará, vai contribuir para a valorização do dólar e uma consequente disseminação de inflação pelo mundo, que levará o Banco Central de Gabriel Galípolo a ter que aumentar a taxa básica de juro, a Selic. A previsão é de que o crescimento do PIB desacelere para 1,7% e a Selic suba para 13% em 2025.
O Copom deverá promover três aumentos na taxa de juro no primeiro semestre do ano que vem, mantendo-a nos 13% ao ano até o final de 2025. Tanto o cenário externo quanto o doméstico concorrerão para um crescimento menor do PIB no ano que vem. Mesmo assim, dadas as condições econômicas que o mundo e, consequentemente, o Brasil enfrentarão em 2025, um crescimento de 1,7% é algo que não pode ser desprezado. A questão é que o consumo estimulado pelo fiscal gera inflação, e o Banco Central terá que responder. E não há mais dúvida de que Galípolo aprendeu bem a importância das expectativas, e sabe que o Banco Central independente não responde mais ao presidente da República e sim ao Senado, que não vai demitir um banqueiro central por ele estar fazendo o que deve ser feito. Donald Trump deve cumprir suas promessas de campanha de tarifar importações e de deportar imigrantes.
Isso tudo é inflacionário porque cerca de metade da força de trabalho no setor agrícola dos Estados Unidos é ilegal e, com a deportação, a oferta de mão de obra ficará mais escassa. Donald Trump tem um entendimento totalmente diferente do significado das tarifas. No mundo inteiro tarifas são entendidas como instrumentos para fins comerciais. Para Trump, elas são vistas como armas para retaliações, para ameaças. Isso vai gerar inflação e fará com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha que rever sua trajetória de política monetária de queda para alta. O dólar deverá se fortalecer e os Estados Unidos passarão a exportar inflação para o resto do mundo. No Brasil, o Banco Central terá que responder. A projeção de Selic da Tendências, de 13% em 2025, pode vir a ser revisada para cima assim que começar o governo Donald Trump nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.