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02/Dec/2024

Dólar fecha em alta com percepção de risco fiscal

Declarações favoráveis dos presidentes da Câmara e do Senado ao pacote fiscal do governo tiraram boa parte da pressão sobre o câmbio na sessão de sexta-feira (29/11), mas ainda assim o dólar voltou a subir ante o Real, renovando recordes. O dólar fechou com alta de 0,17%, cotado a R$ 6,00, maior valor nominal de fechamento da história. Na semana passada, o dólar acumulou alta de 3,21%. A sessão começou novamente com forte alta do dólar ante o Real e de abertura firme da curva a termo, com o mercado ainda reagindo negativamente a uma medida específica do pacote fiscal: a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês. Como em dias anteriores, a percepção negativa desta medida se sobrepunha às demais ações de cortes de despesas anunciadas pelo governo, cuja projeção é de uma economia de 71,9 bilhões de reais em dois anos. No mercado de câmbio o movimento era amplificado pela disputa pela formação da Ptax de fim de mês. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.

No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa). Neste cenário, o dólar atingiu R$ 6,11, a maior cotação da história e do dia. O cenário somente mudou no início da tarde, quando os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram a público fazer sinalizações favoráveis ao pacote, tentando desvinculá-lo da proposta de isenção de IR. "Qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento e efetivo impacto nas contas públicas. Uma coisa de cada vez. Responsabilidade fiscal é inegociável", disse Lira. Por sua vez, Pacheco afirmou que "a questão de isenção de IR, embora seja um desejo de todos, não é pauta para agora e só poderá acontecer se, e somente se, tivermos condições fiscais para isso”.

Os comentários aparentemente coordenados fizeram o dólar virar para o território negativo, com parte do mercado aproveitando as declarações para vender moeda e embolsar os lucros recentes. Assim, o dólar atingiu a mínima do dia de R$ 5,95 (-0,57%). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender o pacote fiscal e deixou claro que ele não é o "gran finale" do esforço do governo para o ajuste das contas públicas. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a autarquia não defende um nível para a taxa de câmbio e que só intervém no mercado em caso de disfuncionalidades. Nos últimos dias, profissionais do mercado chegaram a afirmar que o Banco Central deveria realizar leilões de dólares para segurar pressão no mercado. Na reta final da sessão, o dólar voltou para o território positivo, novamente na contramão do que se via no exterior, onde a moeda norte-americana cedia ante a maioria das demais divisas. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,36%, a 105,690. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.