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29/Nov/2024

Dólar avança com reflexo negativo do pacote fiscal

Após ultrapassar os R$ 6,00 pela primeira vez na história, o dólar fechou pouco abaixo deste patamar no Brasil, refletindo nesta quinta-feira (28/11) a desconfiança do mercado em relação ao pacote fiscal anunciado pelo governo. Apesar da forte pressão no mercado de câmbio pelo segundo dia consecutivo, o Banco Central novamente optou por não realizar leilões extras de moeda para acomodar as cotações, uma prática que tem se repetido nos últimos anos. O dólar fechou com forte alta de 1,30%, cotado a R$ 5,99. Esta é a maior cotação nominal de fechamento da história, tendo superado o recorde da véspera. Em 2024, a divisa acumula elevação de 23,49%. Na quarta-feira (27/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em rede nacional as medidas do pacote fiscal, entre elas novas regras de reajuste do salário-mínimo, pagamento de abono salarial apenas a quem ganha até R$ 2.640,00 e idade mínima para entrada de militares na reserva.

A expectativa é de que as medidas promovam economia de R$ 71,9 bilhões em dois anos e R$ 327 bilhões até 2030. Os mercados receberam mal, no entanto, o anúncio de que o governo pretende expandir a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026, atendendo promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo analistas, o tamanho do pacote fiscal ficou dentro do esperado, mas perdeu efeito diante do anúncio concomitante do projeto de reforma do IR, ainda que o governo tenha defendido que a isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês será bancada pela cobrança de mais imposto de quem recebe mais de R$ 50 mil por mês e pela limitação da isenção de IR de aposentados com problemas de saúde graves que recebam acima de R$ 20 mil por mês. A coletiva de imprensa com autoridades do governo e as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa do pacote nesta quinta-feira (28/11) não aliviaram o mal-estar entre os investidores.

No pior momento do dia, às 13h13, o dólar marcou a cotação máxima da história de R$ 6,00 (+1,52%). Para a Way Investimentos, o pacote foi uma ‘ducha de água fria’. O mercado esperou praticamente três semanas por um pacote de ajuste de corte de gastos. Quando saiu, veio algo dúbio. Ainda que o dólar tenha batido nos R$ 6,00, o Banco Central se manteve fora do mercado. Nenhum leilão extra de dólares ou de swaps cambiais foi anunciado, ainda que alguns profissionais vissem motivo para isso. A reserva cambial serve para usar em momentos adversos. E este momento está adverso. Questionado sobre o motivo de não atuar para reduzir a volatilidade no câmbio, o Banco Central não se pronunciou. No exterior, o feriado nos Estados Unidos reduziu a liquidez no mercado de moedas. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, tinha leve alta de 0,05%, a 106,160. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.