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27/Nov/2024

Mercosul-UE: caso do Carrefour não deve interferir

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o episódio envolvendo o CEO global do Carrefour, que havia declarado que a companhia deixaria de comprar carnes dos países do Mercosul, está resolvido após o pedido de desculpas desta terça-feira (26/11). Caso encerrado, declarou o ministro. Fávaro também avaliou que as declarações não deverão atrapalhar o andamento das negociações para a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O acordo estava muito próximo. A expectativa é que seja formalizado no encontro do Mercosul, no dia 6 de dezembro, no Uruguai. A França é contra o acordo, mas é preciso ver se conseguirá, sozinha, impedir algo que a União Europeia e o Mercosul desejam.

Questionado sobre a motivação por trás das declarações do CEO global do Carrefour, Fávaro sugeriu que pode haver relação com uma tentativa francesa de impedir a formalização de um acordo entre Mercosul e União Europeia. Ele buscou, de forma intempestiva, criar um fato para que a França continue contra o acordo Mercosul-União Europeia. Eles não precisam assinar, mas o Mercosul que muito. É uma determinação do presidente Lula, que está se empenhando pessoalmente para formalizar esse acordo. O ministro ressaltou a posição firme do governo brasileiro em relação à defesa da qualidade dos produtos nacionais.

O Palácio do Planalto vê uma ação orquestrada entre o governo francês e empresas do país no boicote a produtos agrícolas brasileiros como uma forma de pressionar a União Europeia a não fechar o acordo comercial com o Mercosul. Há um mês, a Danone informou que não compraria mais soja do Brasil e, na semana passada, foi a vez de o Carrefour anunciar que não compraria mais carne brasileira. No governo, a visão é de que o fato de duas empresas francesas do porte da Danone e do Carrefour terem feito críticas a produtos brasileiros em um curto período de tempo não poderia ocorrer sem aval do governo francês. Isso a poucos dias da reunião do Mercosul, em Montevidéu, onde há expectativa de que seja anunciado o acordo com os europeus.

No governo brasileiro, o presidente Lula tem incentivado ministros da área a manter o “tom de altivez” em relação à postura das empresas francesas e apoiado a estratégia do setor privado brasileiro de não fornecer carne à rede Carrefour no país como uma retaliação à manifestação do Carrefour francês contra a carne brasileira. A leitura é a de que as manifestações refletem a pressão de agricultores franceses para evitar a assinatura do acordo já que o agronegócio brasileiro é mais competitivo que o francês no mundo. Tanto que há mais de 40 anos a França compra carne brasileira, mas só teria feito uma crítica agora.

O atual governo tem ampliado mercados para o agro brasileiro no mundo todo e que a França, ao resistir, atua na contramão de países da Europa e de outros continentes. Também há o entendimento de que se trata de uma postura ‘colonialista’ da França e que o Brasil precisa reagir com a defesa da sua soberania. Publicamente, porém, o governo brasileiro coloca que se trata de uma questão envolvendo o País com o setor privado francês. A França também segue a mesma linha. Na semana passada, inclusive, o embaixador do Brasil na França, Emmanuel Lenain, procurou ministros brasileiros para dizer que não se trata de uma questão diplomática. Fontes: Broadcast Agro e CNN. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.