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26/Nov/2024

Brasil pragmático nas relações com a China e EUA

A rivalidade entre Estados Unidos e China desperta apreensões em todo o mundo. No Brasil não é diferente, mas o País está comparativamente bem-posicionado. O Brasil tem uma longa tradição diplomática de não alinhamento, um grande mercado interno, um parque industrial razoavelmente diversificado, uma imensa e intensa produção agropecuária, recursos naturais críticos, uma matriz energética limpa e grande potencial para a transição energética. Além de expandir exportações de commodities para ambos os lados, o Brasil pode seguir importando manufaturados e pactuando projetos de infraestrutura com a China sem ferir suas relações com o bloco ocidental, e pode continuar recebendo capital, importando tecnologias inovadoras e afirmando valores comuns ao Ocidente sem atritos com a China.

Em termos de políticas de Estado, os quadros diplomáticos do Itamaraty têm feito a sua parte para manter equidistância e aproveitar oportunidades. Na América do Sul, o cenário é de expansão da China e estagnação dos Estados Unidos. As cúpulas da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico e do G20 foram sintomáticas. No Peru, enquanto o presidente norte-americano, Joe Biden, doava um punhado de helicópteros para combater o narcotráfico, o presidente chinês, Xi Jinping, inaugurava um megaporto. No Brasil, enquanto Biden prometeu irrisórios US$ 50 milhões para a Amazônia, Xi, com pompa e circunstância, assinou um pacote de 37 acordos nas áreas de agricultura, indústria, investimentos e infraestrutura.

Se conduzidos com apuro técnico e estrita observância aos interesses nacionais, acordos como esses podem trazer grandes benefícios ao Brasil, a começar pela possibilidade, ainda remota, mas promissora, de abrir eixos de infraestrutura ligando a exportação e importação nacional ao Oceano Pacífico. Isso não implica um jogo de soma zero. Estados Unidos e Europa ainda são de longe os maiores responsáveis por Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil, ante os quais o montante da China não faz nem sombra. O retorno de Donald Trump à Casa Branca deve conferir à China oportunidades ainda maiores na região. Se suas promessas protecionistas forem cumpridas, terão impactos em todo o mundo.

Mas, a rigor, as relações institucionais com o Brasil não precisam ser particularmente afetadas, nem áreas de cooperação no comércio, investimentos ou tecnologia. Em relação à China, o presidente Lula foi pragmático ao não aderir à Nova Rota da Seda. O fatiamento dos projetos pode garantir os bônus em infraestrutura sem o ônus geopolítico. A articulação do equilíbrio entre China e Estados Unidos é complexa, mas o princípio é simples: mais pragmatismo, menos ideologia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.