26/Nov/2024
Agricultores da Polônia suspenderam, no domingo (24/11), os protestos que bloqueavam a movimentada fronteira de Medyka, localizada no sudeste da Polônia, na divisa com a Ucrânia. A paralisação foi encerrada após o governo se comprometer publicamente a rejeitar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que enfrenta resistência em vários países do bloco europeu devido ao impacto esperado sobre os produtores locais. O ministro da Agricultura da Polônia, Czeslaw Siekierski, foi pessoalmente a Medyka para negociar com os manifestantes e, em seguida, publicou em redes sociais os detalhes do acordo.
"Mantemos nossa oposição inquestionável ao tratado com o Mercosul, como exigem os agricultores. Isso será formalizado não apenas como posição do Ministério da Agricultura, mas também do governo e do parlamento polonês", afirmou o ministro, destacando que o protesto foi suspenso após esse compromisso. O acordo UE-Mercosul, negociado há mais de 20 anos e acordado politicamente em 2019, visa a criar um dos maiores blocos comerciais do mundo ao reduzir tarifas entre a União Europeia e países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
No entanto, agricultores europeus, especialmente na Polônia e na França, têm expressado temores de que o acordo permita a entrada de produtos agrícolas mais baratos e menos regulados, como carne bovina e aves, prejudicando a competitividade dos produtores locais. Durante as negociações, os agricultores poloneses apresentaram uma lista preliminar de reivindicações, incluindo a exclusão do acordo UE-Mercosul e a redistribuição de recursos financeiros para mitigar os impactos de desastres naturais no setor agrícola. Foi estabelecido um cronograma claro: até esta terça-feira (26/11), os agricultores devem finalizar suas demandas, e, até 10 de dezembro, o Ministério da Agricultura apresentará um plano de ação detalhado, incluindo análises técnicas e consultas com especialistas.
Além disso, foram anunciados novos grupos de trabalho para abordar questões de longo prazo no setor agrícola, garantindo que as decisões sejam tomadas em conjunto com os produtores. A oposição ao tratado não é exclusiva da Polônia. Na semana passada, a França reiterou seu posicionamento contrário, destacando que práticas agrícolas permitidas nos países do Mercosul, como o uso de pesticidas proibidos na União Europeia, violam os princípios de sustentabilidade e competição justa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.