19/Nov/2024
Depois de um início de safra mais fraco, em função de fatores relacionados ao clima e ao mercado que pesaram na margem dos produtores na temporada 2023/2024, o Banco do Brasil alcançou R$ 100 bilhões em desembolsos de crédito rural, emissões de títulos para o setor e outros financiamentos vinculados à cadeia do agronegócio entre julho e a primeira quinzena de novembro. Até junho de 2025, a instituição espera aplicar R$ 260 bilhões em empréstimos ao setor e segue, com folga, na liderança desse mercado. O número é 13% maior do que liberado até o mesmo mês de 2024. A expectativa é que a partir de agora haja um ponto de virada no desempenho dos empréstimos ao setor agropecuário, com um cenário de reacomodação do mercado e de conjuntura mais promissora pela frente, já em 202. O Banco do Brasil admite que o ambiente no campo foi mais desafiador neste ano, com o aumento da inadimplência a níveis quase históricos (1,97%) e a elevação do risco associado ao setor, mas prevê melhora à frente.
O otimismo é baseado nas estimativas de safra recorde, apesar do atraso inicial no plantio da soja, na recuperação de margem em algumas cadeias afetadas pela seca deste ano, como soja e milho, e no fortalecimento de outras, como a pecuária, que detém 40% da carteira de agronegócios do banco, e vive um momento de valorização da arroba do boi gordo. A diversificação do público atendido, em termos de cadeia produtiva e localização, permite pulverizar o risco e ampliar a presença no setor. A carteira de agronegócios do Banco do Brasil cresceu 13,7% até setembro deste ano, para R$ 386,6 bilhões, e pode terminar 2024 próxima dos R$ 400 bilhões. Para isso, o banco tem avaliado o risco e reconquistado clientes em um momento de baixa no mercado financeiro, em que “aventureiros” saem da atividade e mesmo instituições fortes pisam no freio e não expandem carteira.
A gestão da base de dados e a proximidade com o campo têm feito a diferença. É um crédito mais assertivo, o Banco do Brasil tem uma carteira resiliente e diversificada, e uma gestão prudencial. A saída de alguns agentes financeiros do mercado abre novas possibilidades para o Banco do Brasil. Não tem como dizer que não existe oportunidade num setor cujo PIB tem projeção de crescer 5% em 2025 e onde culturas têm cenário bastante promissor. O Banco do Brasil reconhece que o desembolso de crédito rural pelas linhas tradicionais do Plano Safra está mais lento, mas diz que o movimento é compensado, em parte, pelas emissões de Cédulas de Produto Rural (CPR), que evoluíram 33% no primeiro trimestre deste ciclo. O saldo desses títulos no banco ultrapassou R$ 30 bilhões em setembro. Segundo dados do Banco Central, a queda nas liberações pelo Banco do Brasil é de 15%, de R$ 79,2 bilhões para R$ 67,1 bilhões entre julho e outubro na comparação com o mesmo período da safra passada.
O recuo é menos intenso que a média geral. Por outro lado, o movimento beneficiou o Banco do Brasil, que expandiu a fatia no segmento, de 39% para 44% no quadrimestre. O banco teve uma queda, mas bem menor do que o sistema como um todo. Houve atraso no lançamento do Plano Safra 2024/2025, os produtores estão mais cautelosos em relação à tomada de crédito. Antes havia postura do produtor de assegurar a contratação antes da safra, de forma antecipada, e agora esperou. A chuva demorou e tem menor demanda para investimentos. Porém, o ritmo já melhorou nas primeiras semanas de novembro, com desempenho 9% acima do mesmo mês do ciclo 2023/2024, focado em crédito para pequenos e médios produtores.
A expansão da participação do Banco do Brasil na aplicação dos recursos equalizáveis, que recebem subvenção do Tesouro Nacional, também ajudou a recuperar posições. Com o movimento de alta da Selic, já em 11,25% ao ano, o cenário pode ser ainda mais interessante. Dos R$ 60 bilhões que a instituição recebeu de limite do governo para emprestar recursos com juros subsidiados entre 3% e 11,5% no Plano Safra 2024/2025, cerca de 48% ainda estão disponíveis e serão um diferencial nos próximos meses. O Banco do Brasil voltou a ter uma fatia justa nesses recursos equalizados. Na negociação, as projeções eram de queda de juros e agora a curva está se elevando, o que traz oportunidade. Hoje, o Banco do Brasil tem condição de oferecer custo mais atrativo, uma das alavancas que tem utilizado para resgatar clientes. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.