08/Nov/2024
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou o ritmo de alta da Selic na quarta-feira (06/11). A taxa básica de juros subiu 0,50%, de 10,75% para 11,25% ao ano, após a elevação de 0,25% na reunião do colegiado de setembro (e que marcou a retomada do atual ciclo de aperto da política monetária). No comunicado divulgado após a reunião, o Copom cita o ambiente externo desafiador, principalmente, da conjuntura econômica interna nos Estados Unidos, que levanta dúvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e reforça a preocupação com o quadro fiscal no Brasil. No momento em que o governo promete a apresentação de um pacote para redução de gastos, o Copom defende a “apresentação e execução de medidas estruturais para o Orçamento fiscal.
O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o Orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. O Copom não deu indicações para as próximas reuniões. O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação. As projeções de inflação do Copom aumentaram para todo o horizonte contemplado. A estimativa para o IPCA de 2024 saltou de 4,3% para 4,6%, já acima do teto da meta (de 4,5%). E a estimativa para 2025 subiu de 3,7% para 3,9%, mais distante do centro do alvo (de 3%).
Os analistas veem novos aumentos da Selic à frente. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que recebeu "com indignação" a decisão Copom, que elevou a taxa Selic para 11,25% ao ano. Para a entidade, trata-se de mais uma decisão extremamente conservadora da autoridade monetária. Isso porque o nível em que a Selic se encontrava antes da reunião já era mais que suficiente para manter a inflação sob controle. Para a CNI, a alta da Selic irá trazer prejuízos desnecessários à atividade econômica, com reflexos negativos em termos de criação de emprego e renda para a população. A entidade destaca ainda que a questão das contas públicas merece melhor avaliação pelo Banco Central. Embora seja inegavelmente importante buscar a sustentabilidade da dívida, há um exagero na preocupação com o quadro fiscal.
O impulso fiscal sobre a atividade econômica tem se reduzido significativamente ao longo de 2024, o que tende a frear a pressão sobre a inflação. Ressalta ainda que o menor ritmo de expansão das despesas somado ao crescimento da arrecadação federal tem mostrado que o cumprimento do limite inferior da meta de resultado primário de 2024 é totalmente viável. Fica evidente que a Selic está em patamar excessivo e incompatível com os elementos que influenciam o quadro inflacionário. A CNI defende que, ao invés de subir a Selic, o foco seja a retomada dos cortes nas taxas de juros. Só assim o País conseguirá avançar na agenda de redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, continuarão penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.