07/Nov/2024
A indústria brasileira vive um cenário mais animador neste ano. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor registrou crescimento de 1,1% em setembro, o melhor resultado para o mês desde 2020, e acumulou alta de 1,6% no terceiro trimestre deste ano em relação ao anterior, com quatro trimestres seguidos de expansão. Os dados são positivos, mas a produção ainda está 14,1% abaixo do patamar recorde de produção alcançado em maio de 2011 e há dúvidas sobre até quando o setor terá fôlego para seguir em expansão de forma sustentada. Não é de hoje que o setor reage com espasmos ao processo de desindustrialização do País. Com uma economia sabidamente fechada, baixa produtividade e políticas públicas equivocadas destinadas para a área em um passado recente, sobram motivos para cautela.
Por ora, há explicações conjunturais para o quadro atual, segundo analistas de mercado, como o aumento da demanda doméstica, com o consumo das famílias e o investimento em ativos fixos crescendo acima do esperado. Na avaliação do IBGE, há também mais dinamismo, com maior incorporação de trabalhadores no mercado, baixa taxa de desocupação e massa salarial em crescimento, além da queda da inadimplência e dos avanços nas condições de crédito. Mas, quando o assunto é crédito, todo cuidado é pouco, haja vista a retomada do protagonismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Pela primeira vez desde 2016, o total de financiamentos aprovados para a indústria (27%) superou o agronegócio (26%).
Segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, houve uma mudança na qualidade do crescimento do Brasil, liderado pela indústria e pelos investimentos, com condições macroeconômicas favoráveis e iniciativas como a Nova Indústria Brasil (NIB), programa para estimular o setor. Até setembro, o BNDES aprovou R$ 154 bilhões para a NIB, dos quais R$ 9 bilhões para inovação, linha para a qual as taxas são basicamente ofertadas com subsídios. E esses subsídios deveriam causar preocupação. Foram taxas ‘camaradas’ praticadas por governos petistas que irrigaram grandes empresas, canibalizaram o mercado de crédito e deram pouco retorno social ao País nos últimos anos.
Com superávits financeiros de fundos públicos e privados, em manobras por fora do Orçamento, o governo Lula tem irrigado o BNDES para ampliar linhas de empréstimos. Na prática, esses recursos deixam de ser usados para abater a dívida pública, estratégia mais eficaz para reduzir a taxa básica de juros, manter a credibilidade fiscal e fomentar o crescimento econômico. A recuperação da indústria e a retomada do protagonismo do BNDES no setor exigem vigilância. Apesar de o atual governo argumentar que agora tudo é diferente, nunca houve admissão de culpa pelos erros do passado. De alento, por ora, essa onda da indústria surtirá efeito no PIB, e há quem aposte em expansão de 3% do setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.