05/Nov/2024
Uma dieta saudável é menos restritiva e bem mais simples do que boa parcela da população imagina. Essa é uma das principais mensagens da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em essência, uma boa alimentação é aquela que satisfaz as necessidades nutricionais. Isso diz respeito à ingestão adequada de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Para compor esse cardápio ideal, a OMS, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), destaca quatro princípios fundamentais: adequação, equilíbrio, moderação e diversidade. Em resumo, a entidade afirma que uma dieta saudável deve respeitar as necessidades específicas de cada indivíduo, considerando fatores como idade, gênero, tamanho corporal, estado de saúde e fases da vida, como a gravidez. Outro pilar importante é o equilíbrio entre os três macronutrientes: proteínas, carboidratos e gorduras. O documento chega a indicar como seria a participação ideal desses elementos na rotina em termos de percentagem. O documento carrega uma mensagem fácil: estamos liberados para comer de tudo.
É um olhar muito prudente, que diz: ‘o carboidrato não é vilão, a gordura não é vilã e a proteína também não é a moça da vez’. Na opinião dos pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo (USP), os guias alimentares devem ser adaptados ao contexto de cada país, respeitando cultura, tradições e diversidade regional. A OMS não criou um guia alimentar, mas um documento que estimula os países a desenvolverem as próprias orientações que promovam padrões alimentares saudáveis. O Guia Alimentar para a População Brasileira é um exemplo valioso nesse sentido. O documento emitido pela OMS ajuda a reduzir o “terrorismo nutricional”, movimento que frequentemente demoniza certos alimentos. Essas recomendações não são prescrições individuais, mas orientações gerais para uma alimentação saudável e acessível. Isso é especialmente importante para lembrar os profissionais de aspectos fundamentais, mas muitas vezes esquecidos, como o fato de que o consumo excessivo de proteína animal pode prejudicar a saúde cardiovascular.
Uma análise sobre a popularidade das dietas low carb (que limita o consumo de carboidratos) explica que a restrição desse tipo de nutriente (principal fonte de energia) obriga o corpo a buscar outras fontes, como gorduras e proteínas, o que pode custar caro à saúde. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão queda de energia, irritabilidade e, em casos mais graves, até problemas metabólicos e de saúde mental, especialmente quando a restrição é mantida por longos períodos. O corpo precisa desse nutriente para todas as funções vitais, desde respirar até atividades físicas diárias. Embora muitas pessoas possam se beneficiar desse tipo de prática low carb, seja por orientação nutricional ou condições de saúde, a maioria segue essa tendência por influência de modismos. O documento é muito pertinente em um momento como este. Outro aspecto interessante do documento elaborado pela OMS é a ênfase nos riscos associados ao consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos, salgadinhos, pratos prontos (incluindo lasanhas e pizzas congeladas) e refrigerantes.
Um corpo grande e crescente de evidências sugere que o consumo de alimentos altamente processados, descritos como ultraprocessados pela classificação NOVA, está associado a resultados negativos para a saúde, incluindo risco de mortalidade prematura, câncer, doenças cardiovasculares, sobrepeso, obesidade e diabete tipo 2, além de impactos na saúde mental, respiratória e gastrointestinal. A referência à classificação NOVA, desenvolvida pelos pesquisadores brasileiros do Nupens, também representa um marco. Vale ressaltar que essa ferramenta serviu como base científica para a elaboração do Guia Alimentar para a População Brasileira, que completou dez anos em maio deste ano e tem servido como base para a formulação de políticas públicas no País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.