01/Nov/2024
A economia brasileira vive um momento crucial para o desenvolvimento sustentável e para o avanço da chamada agenda verde, que prevê a redução na emissão de gases do efeito estufa por parte do setor produtivo. O desafio é transformar essa agenda em motor do crescimento econômico, por meio, principalmente, da inovação industrial. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil está em uma enorme janela de oportunidade, que é curta e vai se fechar, em torno da transição energética, da transformação ecológica e da emergência da descarbonização produtiva. É uma janela para a qual o País tem de ser muito certeiro. Nesse cenário, destaque para três nichos em que a economia brasileira tem maiores vantagens competitivas: agricultura de precisão, produção de energia renovável e baterias. O ex-presidente do Banco do Brics, Marcos Troyjo, alerta que, nos próximos 25 anos, países com grande contingente populacional serão responsáveis por parte considerável da contribuição de formação da demanda global.
E o Brasil poderá levar vantagem, principalmente nas questões relacionadas à economia verde. O País tem muitas vantagens comparativas, em alguns casos quase complementaridade, entre produção de alimento, produção de energia sustentável e agenda verde. Isso significa não apenas uma demanda maior por bens em que a gente tem vantagens, o que leva a preços mais elevados ao longo do tempo, mas é complementado por um tsunami de alocação de capital voltado a investimento em infraestrutura e capex (bens de capital) para a economia verde. As exigências de redução de emissões de carbono estão impondo uma rápida transformação na adoção de tecnologias inovadoras. Esse é, certamente, o elemento de maior potencial transformador hoje. Talvez um dos maiores momentos da história em que a dinâmica da economia e do comportamento humano vai ter de se alterar. Para surfar essa onda, porém, o Brasil terá o desafio de endereçar ao menos parte dos seus entraves históricos. Nesse escopo estão carga tributária elevada, problemas de infraestrutura, burocracia, alto custo de energia, falta de investimento e de competitividade.
No Brasil, há uma distância entre o que é recolhido como impostos pela sociedade, que está acima da média dos mercados emergentes. A carga tributária será um fator determinante para que o País possa absorver os elos de produção e parte das cadeias globais de fornecimento que estiveram até agora sediadas na China. O Brasil está pesado demais, então, quando é dada a largada, acaba ficando para trás, porque, entre outras coisas, se paga impostos demais. Essa é uma agenda na qual o Brasil não pode ficar para trás. É preciso criar instrumentos que assegurem a inserção do País. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que existe hoje um ecossistema econômico em torno da questão ecológica que pode representar um ganho considerável para o Brasil. Ele avaliou que um atraso na promoção dessa agenda tornará mais recorrentes os eventos climáticos extremos, como a seca no Pantanal e as inundações no Rio Grande do Sul registradas este ano. Haddad destacou que o Brasil tem grandes oportunidades e vantagens para avançar nessa agenda, como os melhores ventos do mundo, insolações e produção elevada de biocombustíveis.
Ele destacou que é muito significativo ter um Estado comprometido com a preservação ambiental, ao citar como exemplo algumas iniciativas tomadas pela atual gestão, como o Fundo de Financiamento para Florestas Tropicais (TFFF), lançado pelo governo brasileiro durante a COP28 nos Emirados Árabes. Mencionou ainda o Plano Safra verde, os recursos destinados ao Fundo Clima do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar projetos sustentáveis e as emissões de green bonds (títulos verdes). “O Brasil é um dos poucos países em que o ministro das finanças é amigo do ministro do meio ambiente. Essas questões no mundo ainda estão dissociadas, como se preservação e desenvolvimento fossem conceitos que não pudessem estar na mesma frase. Não há mais como falar de desenvolvimento sem falar de sustentabilidade”, disse. O ministro ressaltou que o País terá que se preparar para a transformação ecológica e avaliou ser necessário repensar o modo de vida. Não há mais como contornar essa “dimensão da vida”, com os impactos ocasionados pelas tragédias de seca e inundação que acometeram o Brasil este ano, como encarecimento de energia elétrica e de alimentos, com reflexos diretos na inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.