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31/Oct/2024

IEA: “Perspectiva de Tecnologia Energética 2024”

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), no relatório Perspectiva de Tecnologia Energética 2024, o mercado global para tecnologias limpas, como painéis de energia solar, turbinas para produzir energia eólica, carros e baterias elétricas, pode subir de US$ 700 bilhões em 2023 para US$ 2 trilhões em 2035. A América Latina, particularmente o Brasil, tem condições favoráveis para a fabricação de turbinas para energia eólica, mas significativos investimentos em infraestrutura e logística são necessários para fazer o setor avançar. Hoje, o Brasil produz mais de 5% das lâminas de turbinas em termos globais. Se o país for capaz de aproveitar suas condições favoráveis, num cenário compatível com emissões líquidas zero (de CO2) até 2050, as exportações destes componentes aumentarão seis vezes até 2035 em comparação aos níveis atuais, assumindo que investimentos de longo prazo em infraestrutura portuária gerarão frutos.

O Brasil, entre outros países latino-americanos, também é dotado de abundantes recursos energéticos renováveis, que forma uma boa base para exportação de amônia, ferro e aço a mercados onde é mais caro produzir estas commodities, como a Europa e o Japão. Países da América Latina, África e Sudeste da Ásia respondem atualmente por menos de 5% do valor agregado gerado pela produção de tecnologia de energia limpa. Para expandir os investimentos no setor em mercados emergentes, é necessário superar dificuldades, incluindo riscos políticos e cambiais, falta de trabalhadores especializados e infraestrutura com problemas. Mas as oportunidades existem: além da mineração e processamentos de minerais essenciais, países na África, América Latina e Sudeste da Ásia têm perspectivas para reforçar as vantagens competitivas e subir na cadeia de valor.

O relatório destaca que o comércio de mercadorias e serviços no mundo atingiu US$ 24 trilhões em 2023, sendo que combustíveis fósseis representaram 10%, mas tecnologias limpas atingiram cerca de 1%, o que indica que têm grande potencial de expansão, inclusive porque está crescendo rápido. Carros elétricos são o produto mais negociado desta categoria, com cerca de 20% de todos os automóveis negociados no mercado internacional em termos de valor. O comércio de tecnologias limpas está no caminho de atingir US$ 575 bilhões em 2035. Investimentos na produção de tecnologias verdes pelo mundo subiram 50% em 2023 e atingiram US$ 235 bilhões, equivalente a quase 10% de toda expansão da formação bruta de capital fixo em todo o planeta.

No ano passado, 80% dos investimentos em tecnologias limpas foram dedicados à fabricação de células de energia solar e baterias, enquanto indústrias de carros elétricos corresponderam a 15%. O desembolso de recursos para a produção destas tecnologias deve ficar próximo a US$ 200 bilhões em 2024. Em relação à China, a competitividade de custos é um importante fator que explica a vantagem do país na produção de tecnologias limpas, com grandes economias de escala e um mercado interno muito grande, o que a leva a dominar de 40% a 98% da fabricação destes produtos, dependendo da categoria. A maior indústria na China para a produção de equipamentos para energia solar, que está em construção na província de Shanxi, pode potencialmente produzir sozinha módulos para atender potencialmente toda a atual demanda da União Europeia.

As exportações da China de tecnologias limpas podem superar US$ 340 bilhões em 2035, o que é aproximadamente equivalente às projeções de exportações combinadas de petróleo da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos para 2024. Nos Estados Unidos, planos de investimentos aprovados pelo Congresso devem mobilizar US$ 230 bilhões em investimentos na produção de energia limpa até 2030. A demanda no país por módulos de energia solar poderá ser quase totalmente atendida pela fabricação doméstica em 2035. Relações comerciais atuais entre países podem gerar bons resultados de exportações. O México está bem-posicionado para se tornar um centro de fabricação de veículos elétricos para o mercado da América do Norte, enquanto no Sudeste da Ásia a Coreia do Sul e o Japão poderão ser os principais fornecedores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.