25/Oct/2024
Os países do Brics formalizaram, na quarta-feira (23/10), a criação de uma nova categoria de associação e definiram uma lista de 13 países que serão convidados como parceiros, deixando de fora a Venezuela. Apesar de contar com apoio de Rússia e China e de ter viajado a Kazan, o ditador Nicolás Maduro viu seu plano de entrar no bloco vetado pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A versão oficial do governo Lula é que o Brasil não patrocinou novas adesões, nem as vetou. Nos bastidores, porém, diplomatas envolvidos nas tratativas indicaram que o Brasil de fato vetou a Venezuela. Kazan foi a primeira cúpula após a expansão do Brics, no ano passado. Participaram do encontro Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (antigos membros), Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Irã (novos membros). O Brasil assume a presidência rotativa em 1º de janeiro, quando serão incorporados mais 13 países como “parceiros”.
São eles: Argélia, Belarus, Bolívia, Cuba, Indonésia, Malásia, Cazaquistão, Uzbequistão, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda e Vietnã. A declaração final da cúpula de Kazan incluiu novamente uma defesa da reforma institucional da ONU, incluindo Conselho de Segurança, com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e de aumentar a representação dos países de África, Ásia e América Latina, incluindo os países do Brics. Mesmo com a pressão da China durante a presidência russa dos Brics, apenas quando o Brasil for o anfitrião, no ano que vem, é que o grupo deve definir sobre como se dará a entrada de novos membros. Com o apoio da Índia, o Brasil tem proposto a criação de critérios mínimos para a adesão dos entrantes, que teriam, primeiramente, que se juntar ao condomínio num patamar mais baixo até apresentarem os requisitos exigidos. Seria algo não exatamente igual, mas semelhante ao que existe na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No organismo multilateral, o Brasil, por exemplo, é um membro considerado apenas um parceiro-chave, e não um integrante efetivo. Mesmo a discussão sobre a exigência de critérios não está garantida. O que o Brasil vem defendendo é o compromisso dos países novos no grupo com a reforma da governança. "Leia-se: Nações Unidas". Um rearranjo na ONU, e em outros organismos multilaterais, é, inclusive, uma das bandeiras do Brasil no grupo das 20 maiores economias do globo (G20), que é presidido pelo Brasil até 1º de dezembro. No encontro dos chanceleres do bloco, em junho, a ideia chegou a ser debatida, mas não se chegou a um consenso, com o assunto tendo "subido" para a reunião de líderes deste mês. Por essa lógica, os interessados em entrar no Brics deveriam ser acoplados, numa primeira fase, apenas como parceiros, com participação limitada em comparação aos membros plenos. O Brasil assume a presidência rotativa a partir de 1º de janeiro de 2025. É possível, mas não está certo, que a Rússia elabore uma lista oficial dos parceiros até o fim de dezembro, depois de consultar cada um dos que reuniu consenso em Kazan.
Foi na reunião da cidade russa que o grupo expandido se reuniu pela primeira vez numa reunião de cúpula, que agora congrega nove integrantes: Brasil, Rússia, Índia e China (bloco original), que foi acrescido da África do Sul em 2011, e agora também é composto por Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã. Mesmo que não seja visto ainda como relevante, o mundo observa o crescimento do grupo, que tem se expandido por meio de uma característica comum de discursos antiocidentais. O Brasil tem atuado justamente neste campo para evitar que o bloco se torne radical. Para isso, tem conseguido apoio da Índia, que também tem interesses comerciais e geopolíticos com países do Oeste. Para os dois membros, é fundamental que se definam os critérios mínimos a serem apresentados pelos entrantes antes de serem apontados definitivamente como parceiros. No evento realizado em Kazan, o bloco recebeu a solicitação de integração de 33 países, geograficamente localizados no que vem se convencionando chamar de Sul Global. Trata-se de uma reação de nações que têm ficado de fora dos conglomerados liderados pelos países ricos do Hemisfério Norte.
No entanto, a lista consolidada de potenciais países parceiros inclui apenas 13 nações, lembrando que houve um veto à Venezuela por parte do Brasil. Até aqui, Brasil e Índia tinham resguardado suas listas, evitando que a identificação de países circulasse. A intenção era discutir primeiro as regras, as condições, para depois ver quem se encaixava nos requisitos. Foi justamente a percepção de que passou a inexistir um "ponto de contato" entre os integrantes que levou à ideia de o Brics passar a contar com algum gradualismo. Reuniões do Brics em território nacional já foram feitas em Fortaleza (CE) e Brasília (DF). O martelo ainda não foi batido, mas tudo indica que a capital escolhida em 2025 será Salvador, na Bahia. Os encontros do Brics até esta edição russa eram tidos quase como informais, em função da pequena quantidade de participantes. Mas, isso mudou em Kazan e tende a se consolidar ainda mais no Brasil e com a chegada de novos integrantes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.