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18/Oct/2024

FMI: panorama da economia global é desfavorável

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que, embora a inflação esteja se reduzindo no mundo, não há motivos para ‘gritos de vitória’ nas reuniões anuais do organismo, que acontecem na próxima semana, em Washington DC, nos Estados Unidos. Há três motivos principais. O primeiro é um que as economias devem passar a conviver com um maior nível de preços na esteira da pandemia. Por um lado, as taxas de inflação podem estar caindo, mas o nível de preços mais alto veio para ficar e as famílias estão sofrendo. A segunda razão é um ambiente geopolítico difícil. O conflito crescente no Oriente Médio e seu potencial para desestabilizar as economias regionais e os mercados globais de petróleo e gás é preocupante. Por fim, uma combinação implacável de baixo crescimento e alta dívida, que se resume em um "futuro difícil".

A expansão de médio prazo deve ser fraca e insuficiente para erradicar a pobreza mundial bem como gerar receitas fiscais suficientes para arcar com pesadas dívidas e atender a vastas necessidades de investimento, incluindo a transição verde. A dívida pública alta e crescente torna o quadro da economia mundial mais preocupante. Cenário adverso severo, mas considerado plausível, indica que a dívida pública global pode subir cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) acima da linha de base. À medida que a dívida aumenta, o espaço fiscal se contrai desproporcionalmente mais em países de baixa renda. O espaço fiscal continua diminuindo, e as escolhas difíceis de gastos se tornaram ainda mais difíceis com pagamentos de dívida mais altos. O quadro se agrava diante de tempos profundamente problemáticos. O dividendo da paz do fim da Guerra Fria está cada vez mais em risco.

Em um mundo de mais guerras e mais insegurança, os gastos com defesa podem continuar aumentando enquanto os orçamentos de ajuda ficam abaixo das crescentes necessidades dos países em desenvolvimento. No futuro, o comércio não será o mesmo motor de crescimento de antes. É necessário que os governos conduzam reformas fiscais e se prepararem para um futuro choque, a exemplo da Covid-19. Os governos devem trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir amortecedores para o próximo choque, que certamente virá, e talvez mais cedo do se espera. O ajuste fiscal envolverá escolhas difíceis, pois a contenção fiscal nunca é popular e está ficando cada vez mais difícil. Análise feita pelo FMI junto a uma ampla amostra de países mostra que o discurso político favorece cada vez mais a expansão fiscal. Até mesmo os partidos políticos tradicionalmente conservadores em termos fiscais estão desenvolvendo um gosto por tomar emprestado para gastar.

As reformas fiscais não são fáceis, mas são necessárias e podem aumentar a inclusão e a oportunidade. Em última análise, no médio prazo, o crescimento é fundamental para gerar empregos, receitas fiscais, espaço fiscal e sustentabilidade da dívida. Os países precisam avançar em reformas. As três áreas principais são: mercado de trabalho, mobilização de capital e produtividade. A primeira área de reformas é o mercado de trabalho, que precisam funcionar em prol das pessoas. Há um mundo de demografia profundamente desigual e a migração econômica pode ajudar até certo ponto. Medidas de apoio para ajudar a colocar mais mulheres na força de trabalho são importantes. Acima de tudo, há uma necessidade de reformas para aprimorar conjuntos de habilidades e combinar as pessoas certas aos empregos certos. O segundo alvo é a mobilização de capital. Há uma abundância de recursos no mundo, mas, muitas vezes, não nos lugares certos.

Nesse sentido, os formuladores de políticas precisam eliminar as barreiras para favorecer a entrada de investimento estrangeiro. A supervisão do setor financeiro não deve apenas garantir estabilidade e resiliência, mas também encorajar a tomada de riscos prudente e a criação de valor. Por fim, os países devem se concentrar em ações que ajudem a aumentar a produtividade. Há muitas maneiras de aumentá-la, desde melhorar a governança e as instituições até reduzir a burocracia e aproveitar o poder da inteligência artificial (IA). Globalmente, o ritmo das reformas vem diminuindo desde a crise financeira global, à medida que o descontentamento da população aumenta. Estudo do FMI mostra que a resistência às reformas é frequentemente motivada por crenças e percepções errôneas sobre as próprias mudanças, bem como os seus efeitos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.