09/Oct/2024
Mais do que planejar investimentos voltados para operações sustentáveis nos negócios, os diretores financeiros (CFOs) das empresas no Brasil pretendem adotar estratégias da “agenda verde” para captação de recursos. A emissão de títulos de dívida “verdes”, como green bonds e sustainability bonds, é citada como a segunda maior prioridade desses executivos nos próximos anos. A iniciativa aparece entre os principais focos da área financeira dentro de iniciativas voltadas ao meio ambiente.
De acordo com a 4ª edição da pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil”, elaborada pelo Insper e pela consultoria Assetz e lançada no mês passado, a emissão desses títulos aparece à frente de prioridades de investimento em economia circular; em energia limpa e renovável; em redução de emissões de carbono; e em projetos de preservação da biodiversidade, respectivamente. O foco na futura captação de recursos via títulos verdes só perde para o tema da criação/implementação de políticas ambientais e acompanhamento de seus indicadores de sustentabilidade, eleito em primeiro lugar nas prioridades dos diretores financeiros. A maior parte deles faz parte de empresas de capital aberto e atua em setores como indústria, serviços, infraestrutura, energia e construção.
Para a Assetz, cada vez mais o apetite dos investidores está se voltando para as empresas que priorizam o meio ambiente. Esse ponto é um dos fatores que explicam a inclinação dos diretores financeiros para as emissões de títulos verdes como uma das principais estratégias da agenda ESG (meio ambiente, social e governança). Com o interesse dos investidores para esses títulos, o caminho natural do CFO, que é o responsável por emitir uma dívida no mercado de capitais, é atrelar essa dívida à sustentabilidade e ao meio ambiente. Apesar de ser relativamente nova, essa é uma vertente que é uma bolha de segurança para esse profissional, para que a empresa, de fato, promova sustentabilidade, impactando o mercado financeiro como um todo.
Além disso, o Insper acrescentou que a emissão de green bonds colabora para preencher uma lacuna na dificuldade das empresas em receber investimentos de private equity (investimento privado em empresas mais estabelecidas) e de venture capital (investimento considerado mais de risco, em empresas mais novas). Segundo a pesquisa, 78% das companhias representadas pelos entrevistados não recebem aportes relevantes nas duas modalidades. Conforme o Guia para Emissão de Títulos Verdes no Brasil, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os green bonds se caracterizam por serem títulos de renda fixa voltados para captação de recursos financeiros com foco no financiamento de projetos sustentáveis.
Esses títulos podem assumir variados formatos como: Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC); Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA); Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI); Debêntures; Debêntures incentivadas de infraestrutura; Letras Financeiras e Notas Promissórias. Ao emitir os papéis, a companhia recebe os valores necessários para financiamento de ações de impacto ambiental, como os voltados para transição energética e descarbonização, por exemplo, e se compromete a devolver a quantia acrescida de juros em um prazo determinado aos investidores.
O instrumento já tem sido utilizado por CFOs de empresas brasileiras para financiar os projetos ambientais das organizações. Há duas semanas, a Raízen assinou um comunicado ao mercado anunciando a captação de US$ 1 bilhão pela subsidiária da companhia Raízen Fuels Finance S/A em títulos de dívida verdes nos Estados Unidos. Os recursos líquidos captados por meio da emissão serão destinados para a liquidação de determinadas dívidas da companhia, gestão ordinária de seus negócios e realização de investimentos em projetos e ativos selecionados de acordo com o Green Financing Framework. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.