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08/Oct/2024

Oriente Médio: desafios para exportações agrícolas

Um ano após o ataque do grupo extremista Hamas a Israel, que levou à guerra na Faixa de Gaza e gerou mais uma onda de violência no Oriente Médio, as exportações do agronegócio brasileiro encaram um novo desafio na região. A escalada das tensões, com o envolvimento de Líbano e Irã no conflito, pode impor obstáculos logísticos na região, o que significa aumento de custos. Segundo a Câmara de Comércio do Estado de São Paulo (Caesp), no ano passado houve um aumento entre 15% e 20% no custo de frete para a região, mas depois, com ao arrefecimento das tensões, os preços voltaram ao que era antes. Agora, com uma nova crise, pode ser que haja um aumento semelhante. Para consultoria Athenagro, o cenário poderia ficar ainda mais complicado caso outros países se envolvessem no conflito, como Rússia, Estados Unidos e China.

Por enquanto, não há nada indicando problemas desse nível, mas o cenário é um pouco mais tenso. As chances de se tornar uma guerra regional é maior. A guerra em Gaza, que completa um ano, não chegou a afetar as exportações do agronegócio à região. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou US$ 11,9 bilhões a países árabes, o que representou um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2023. Para Israel, foram US$ 316,2 milhões, montante praticamente igual ao do ano passado. Principal item da pauta de exportações brasileiras à região, as carnes cresceram em volume e em receita. Para Israel, o volume cresceu 22% em relação a 2023, para 24,5 mil toneladas de carne bovina, e para os países árabes, 19%, a 1,5 milhão de toneladas (entre carnes bovina e de frango).

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a indústria já vinha se preparando para diferentes cenários desde os ataques do Hamas a Israel. Esse volume é justamente reflexo de já ter se criado alternativas desde quando começou o conflito já prevendo uma possível escalada. No lugar das rotas tradicionais, via Mediterrâneo, os navios que saem do Brasil rumo ao Oriente Médio têm contornado a África e realizado o desembarque em portos da Turquia e do Golfo Pérsico, ou atravessado o canal do Panamá como alternativa ao Canal de Suez, no Egito. Com isso, o tempo de viagem até a região passou de 30 a 35 dias para até 60 dias. Cerca de 5% a 10% das exportações ainda seguem a rota padrão, via Canal de Suez. O crescimento superior a 20% no volume embarcado está dentro das expectativas do setor.

Esse volume não decorre da guerra, é um aumento normal de mercado de consumo que tem acontecido dentro da previsão normal. O Brasil ocupa uma posição privilegiada no fornecimento de proteína animal para os países árabes, sobretudo em tempos de guerra. O Brasil hoje é o primeiro produtor mundial de carne Halal (que segue os preceitos muçulmanos). E isso é condição sine qua non para comprar proteína animal. Outro fator que contribui para o desempenho positivo das exportações é o fato de os principais destinos da proteína animal, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, e Iraque, não estarem diretamente envolvidos no conflito. Juntos, os três países respondem por cerca de 22% das exportações brasileiras de carne de frango.

Em relação à carne bovina, países árabes e Israel representam 18,2% do total exportado pelo Brasil. No acumulado até agosto, foram 24,5 mil toneladas para a nação judaica, crescimento de 23%, e 304 mil toneladas para os países árabes, aumento de 83% na comparação com o mesmo período do ano passado. No caso específico do complexo soja, as exportações brasileiras para Israel caíram 15% nos oito primeiros meses deste ano, para 214,16 mil toneladas. Para os países árabes, o recuo foi de 18%, para 2,4 milhões de toneladas no período. Considerando apenas a soja em grão, houve alta de 4% no volume embarcado a Israel de janeiro a agosto, para 168,3 mil toneladas, e queda de 6% para os países árabes, para 2,2 milhões de toneladas.

A Câmara de Comércio Brasil Israel observou que commodities sempre foram os produtos mais negociados entre Brasil e Israel e que há dificuldades com o frete devido a mudanças nas rotas de transporte por questões de segurança. Mas, é importante destacar que o principal produto de Israel, a tecnologia, continua avançando, pois momentos como este geram novas oportunidades. O governo brasileiro acompanha com atenção a escalada do conflito no Oriente Médio, pois a região é importante consumidora de produtos do agronegócio brasileiro, principalmente carnes e açúcar, e fornece fertilizantes ao País. Segundo o Ministério da Agricultura, ainda não há impactos ao fluxo comercial, mas o custo de frete tende a aumentar com o maior risco às mercadorias. Neste ano, o Brasil exportou US$ 8,951 bilhões em produtos agropecuários para países do Oriente Médio. Fontes: Globo Rural e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.