02/Oct/2024
O Brasil espera encerrar o ano com cerca de 300 novos mercados abertos para os produtos agropecuários nacionais. O novo objetivo vem depois de o País ter atingido na semana passada a marca de 205 mercados abertos em 60 nações desde o início do ano passado. Segundo o Ministério da Agricultura, todas as expectativas foram superadas e a expectativa é avançar ainda mais nestes últimos três meses. Atualmente, há aproximadamente 2 mil processos em andamento para novas possibilidades de exportação ou ampliação para os produtos da agropecuária. O Brasil negocia abertura dos mercados do Japão e da Coreia do Sul para carnes brasileiras e do mercado norte-americano para entrada de maior volume de açúcar e carne bovina. Com a China, principal destino dos produtos do agro brasileiro, com um terço dos embarques do País, há mais de 18 itens na pauta. No ano passado, as exportações brasileiras do agronegócio atingiram o recorde de US$ 166,55 bilhões (cerca de R$ 906 bilhões), crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior.
Com isso, o agronegócio foi responsável por 49% da pauta exportadora brasileira em 2023. No ano anterior, essa participação foi de 47,5%. O ritmo de abertura de novos mercados é considerado robusto pelo mercado. Como comparação, entre 2019 e 2022 foram 239 acordos, uma média de pouco menos de 60 por ano. Para o setor privado, entre os destaques no período estão as autorizações para venda de carne bovina para o México, após 20 anos de negociações, da exportação de algodão para o Egito e de carne de frango kosher para Israel, sendo o único país autorizado a comercializar frango dentro dos preceitos religiosos judaicos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), há um enorme avanço em relação à ampliação de vendas para mercados já abertos, como novas autorizações de frigoríficos para exportar. É o caso das vendas para mercados como Filipinas, Chile e Singapura. A indústria projeta exportações recordes neste ano de carne de frango e suína, que, juntas, devem somar 6,575 milhões de toneladas.
Além das missões internacionais realizadas pelo Ministério da Agricultura com o objetivo de abrir novos mercados, também tem ajudado o fato de o Brasil estar na presidência do G20 este ano e estar se preparando para, em 2025, assumir a presidência do Brics e receber a COP30. Isso gera oportunidades de contato com as lideranças mundiais no País. E, com isso, as negociações bilaterais avançam. Por isso, as perspectivas de abertura de mercados só tendem a crescer. Em novembro, haverá a visita do presidente chinês, Xi Jinping. O Brasil negocia com a China a abertura para alguns produtos, como uvas frescas, gergelim, sorgo, DDGs (grãos secos de destilaria, subproduto do etanol de milho), que estão muito avançados, além de subprodutos de carne bovina, de carne suína e de aves. São alguns dos produtos que estão na mesa de negociação e que representam novas oportunidades ao agronegócio brasileiro. A expectativa é de que essas negociações sejam concluídas com o encontro bilateral dos presidentes brasileiro e chinês. Outras negociações importantes têm sido feitas com os Estados Unidos.
Há muitos temas em discussão bilateral, como a questão da importação do etanol dos Estados Unidos, a ampliação da cota de exportação de açúcar e carne bovina (hoje de 65 mil toneladas ao ano) e aberturas para frutas brasileiras, como limão. Será buscado um equilíbrio nas posições de mercado, tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil. No caso específico do etanol, há um temor do setor sucroenergético de que uma redução da tarifa de importação do produto norte-americano (hoje em 18%) possa prejudicar a produção nacional. Isso está sendo avaliado para fazer uma grande negociação em bloco, atraindo os interesses do Brasil e dos Estados Unidos. O Brasil é grande produtor de etanol de cana-de-açúcar e os Estados Unidos de etanol de milho. Hoje, não há acesso pleno do açúcar brasileiro ao mercado norte-americano. É preciso desse acesso para que haja, de fato, a viabilização do acesso do etanol norte-americano ao Brasil. A articulação envolve a possibilidade de os Estados Unidos adotarem, como contrapartida, uma mistura obrigatória de etanol na gasolina, que hoje, no Brasil, é de até 27,5%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.