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01/Oct/2024

Apostas online: apostadores apelam a empréstimos

Estudo feito pela fintech Klavi apurou a conexão entre o uso de empréstimos e as apostas esportivas, as bets. Ao analisar uma amostra de 5 mil clientes de bancos de todo o território nacional, a instituição de análise de dados e crédito concluiu que nos últimos 12 meses 30% já tinham buscado empréstimos e depois gasto o dinheiro (em partes ou o total) em jogos online. Para os autores do estudo, o resultado demonstra que o crescimento exponencial do mercado de apostas esportivas no Brasil pode elevar o nível de endividamento da população. A fintech usou seu banco de dados e informações obtidas por meio do Open Finance para compilar as informações de forma anônima, com correntistas de todas as regiões. Ela verificou extratos dos correntistas, separou os demais gastos e comparou com os pagamentos feitos a CNPJs vinculados a empresas de apostas.

Além disso, foi possível verificar que as apostas não estavam sendo feitas com dinheiro que sobrava nas contas, mas sim por meio de empréstimos. Ou seja, logo após adquirirem algum crédito, as pessoas gastavam em apostas. Quanto aos valores do empréstimo, a companhia revela que a maioria busca quantias entre R$ 500,00 e R$ 4 mil. Dos correntistas que fizeram empréstimos e apostaram, o gasto médio por apostador foi de R$ 1.113,09. Para 5% das pessoas que realizaram apostas, os valores gastos com as bets foram em torno de R$ 4 mil, mas há casos de apostadores que chegam a desembolsar quantias acima de R$ 50 mil nas apostas, antes de recorrerem aos empréstimos bancários. O levantamento é uma resposta a demanda por informações de grandes bancos e financeiras, clientes da companhia. Eles querem entender o impacto das apostas online nas finanças de seus clientes e como essa mudança no comportamento de consumo pode afetar a análise de crédito dessas instituições.

A fintech selecionou 5 mil pessoas e começou a olhar o perfil de gastos. É uma análise do fluxo de caixa das pessoas, vendo para onde elas estão mandando esse dinheiro. De acordo com o levantamento da Klavi, a maioria dos clientes que buscam crédito para apostar é homem (58%). Ao todo, 47% das pessoas têm entre 35 e 49 anos, enquanto 28% pertencem à faixa etária que vai de 26 a 34 anos. O estudo mostra que 60% desse público está localizado na Região Sudeste. Em termos de renda, 64% dos entrevistados ganham de um a três salários-mínimos (de R$ 1,4 mil a R$ 4,2 mil). Desse total, 40% têm emprego com carteira assinada. Na avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma pesquisa como a feita pela Klavi, com amostra de 5 mil correntistas escolhidos de forma aleatória, é mais do que suficiente para ser fidedigna e ter boa representatividade do perfil de gastos do público.

Uma análise dessa envergadura é suficientemente confiável, com uma margem de erro muito baixa (a margem de erro é de 3%). Para o Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), o crescimento de empréstimos para financiar as apostas se deve, em grande parte, pela falsa ideia de que é possível multiplicar o dinheiro. Estatisticamente, as chances de um apostador conseguir “ganhar da máquina” são ínfimas. O aumento dos problemas de endividamento pelo jogo (e, posteriormente, inadimplência) está diretamente relacionado à falta de educação financeira no País, que afeta principalmente grupos de menor renda. Outro reflexo negativo dos problemas envolvendo as apostas online é o possível encarecimento do crédito em determinados produtos financeiros, que consideram a inadimplência como fator de precificação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.