23/Sep/2024
A quantidade de pedidos de indenização, ou avisos de sinistro, feitos por agricultores cobertos por seguros dobrou no último mês em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). A causa são os incêndios florestais que acontecem em diferentes partes do País há um mês, em decorrência da seca e, segundo o governo, de atividade criminosa. O valor dos sinistros ainda não foi totalizado, mas o setor estima que será pequeno em relação à carteira das seguradoras porque a cobertura nas áreas atingidas é baixa. Há uma defasagem em termos de proteção. Na cana-de-açúcar, que é um dos cultivos mais afetados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a participação dos seguros agrícolas nas áreas cultivadas é inferior a 2 pontos porcentuais. Nas lavouras de café, os seguros que cobrem os chamados multirriscos, entre eles os incêndios, ainda têm presença em menos de 5%.
Padrão similar se repete no maquinário agrícola, também bastante atingido pelos incêndios. As seguradoras são muito focadas em soja, milho e trigo, ou seja, em grãos, e muito menos em cana-de-açúcar e café. A maior frequência de eventos extremos ligados ao clima torna necessária uma discussão sobre mecanismos de mitigação de riscos que podem ser adotados por toda a cadeia produtiva. Mas também torna urgente uma discussão sobre as políticas de subvenção do governo federal à contratação de seguros, diante do fato de que muitos dos cultivos mais vulneráveis não estão protegidos. Nos últimos anos, há uma redução bastante significativa do orçamento de subvenção ao prêmio de seguro. Em anos de margem apertada, o faturamento do produtor cai e o seguro não é prioridade, porque pode levar a margem à neutralidade ou a ficar negativa. O orçamento para a subvenção por parte do governo federal este ano é de R$ 950 milhões.
O cenário não deve mudar no próximo ano, mas o governo e o setor discutem formas de alavancar o investimento público para que esse montante se multiplique por quatro. Para tanto, Estados e o mercado financeiro teriam de participar. A FenSeg participou de uma reunião com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos Junior, para debater esse tema. Haverá mais quatro reuniões ao longo de setembro e outubro, com alguns segmentos importantes, principalmente cana-de-açúcar e café, para dar consistência em um custo final de produto de seguro, para que o produtor tenha um olhar mais propenso à compra de seguro. Neste ano, o setor enfrentou quatro eventos climáticos extremos. Além da seca e dos incêndios a ela associados, houve uma onda de calor que atrapalhou a safrinha de milho no Paraná e em São Paulo, quebra de safra de trigo no Paraná e também as enchentes no Rio Grande do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.