16/Sep/2024
A economia brasileira está crescendo acima do seu potencial, o que pode levar a pressões inflacionárias que terão de ser contidas por meio do aumento da taxa básica de juros. O ideal seria que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já aumentasse a Selic em 0,50% na reunião desta semana, embora a tendência seja de alta de 0,25% dada a “narrativa de gradualismo”. Os dirigentes do Banco Central deram sinais de que a alta de juros está na mesa, de que vão levar a inflação para a meta, de que têm de reancorar expectativas. Um aumento de 0,50% serviria para fazer jus aos posicionamentos recentes de dirigentes do Banco Central e para dar uma resposta às expectativas de inflação desancoradas e a uma economia aquecida. A taxa básica está hoje em 10,5% ao ano. O mercado projeta até quatro altas de 0,25% nas próximas quatro reuniões do Copom. Analisando o cenário atual, apesar da recente melhora na composição do crescimento do PIB, o País está crescendo acima do seu potencial e que isso virá acompanhado de mais juros e inflação pressionada.
A economia está sendo estimulada mais pelo lado da demanda, dos gastos públicos, em movimento inflacionário. Isso leva a um juro de equilíbrio mais elevado. O mundo ainda está ajudando o Brasil com as expectativas de redução de juros, sobretudo nos Estados Unidos. O cenário de crescimento turbinado é muito semelhante ao dos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas com a diferença de que, hoje, o dólar não tem recuado como antes. Além disso, o cenário para as commodities não é tão positivo, com queda de preços de importantes produtos da pauta de exportação do País, o que dificulta o controle de parâmetros da economia como a inflação. Destaque ainda para o aumento dos gastos do governo e do consumo das famílias. O consumo das famílias tem crescido acima do PIB. Nos Estados Unidos, ele voltou aos níveis pré-pandemia, mas o Brasil ‘embicou’ em uma tendência de aceleração muito acima disso.
O PIB tem crescido acima do seu potencial, apoiado pelo crescimento do consumo das famílias. Nos últimos dois anos, a economia brasileira crescia puxada principalmente pelas commodities (agronegócio e a indústria extrativa). Agora, é completamente diferente. O PIB está muito mais focado na demanda doméstica. Sobre o contexto da economia norte-americana, graças à melhora da inflação, os Estados Unidos vão entrar em um ciclo de redução de juros, mas de forma moderada, o que vai frustrar parcela do mercado financeiro que ainda projeta cortes mais agressivos. A atividade econômica nos Estados Unidos ainda tem bom grau de vigor. Sendo assim, é preciso agir, mas com moderação. A inflação norte-americana vive uma “melhora indiscutível” apesar da leve piora nos dados de agosto. Os dados pioraram um pouco na margem, mas ainda estão mais baixos que as taxas de 12 meses nas cinco principais medidas da inflação do país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.