16/Sep/2024
A seca e o calor já levam municípios a adotar ou prever racionamento de água no interior de São Paulo. Cidades importantes como Bauru e São José do Rio Preto enfrentam escassez de água para abastecimento. Em Bauru e outras cidades o rodízio já está em vigor. Os incêndios agravam a situação, elevando o consumo de água, usada para a limpeza da fuligem nas casas e no combate às chamas. Ao menos 53 municípios do Estado estão em emergência devido à seca e aos incêndios, segundo a Defesa Civil estadual. No final de julho, eram 10 cidades nessa condição. Com a previsão de atraso na temporada de chuvas este ano, as prefeituras realizam campanhas e impõem multas a quem desperdiça água. No dia 11 de setembro, o município de Atibaia decretou estado de emergência hídrica e adotou o rodízio devido ao risco de desabastecimento. A cidade foi dividida em três setores que recebem água em dias alternados. O decreto municipal permite aplicar multas a quem lava carros, calçadas ou rega jardins.
Os moradores foram convocados a denunciar o desperdício. A medida pretende mitigar os efeitos das secas de forma a manter o sistema de abastecimento de água com o menor prejuízo possível à população. Em Rio Preto, os 501 mil habitantes estão com risco de racionamento. De janeiro até o dia 12 de setembro, choveu 47% menos do que no mesmo período do ano passado. O município está há 153 dias sem chuva expressiva. Em agosto, sob a influência dos incêndios florestais, o consumo aumentou 3,09% em relação a julho. Na Represa Municipal, onde é feita a captação, o Lago 1 está com 2 cm acima do vertedouro e o lago 2, com 4 cm. O sistema opera no limite. Devido à gravidade da situação, o Semae (Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto) precisou reduzir a captação de água na Represa Municipal. O volume médio de captação na represa é de 450 l/s (litros por segundo). Neste momento, a ETA está captando menos da metade, 220 l/s. Esse é o limite da captação.
Para compensar, foi aumentada a captação dos poços de 16 para 22 horas, também no limite de operação. Segundo o Semae, caso não chova nos próximos dias ou diminua o consumo, o racionamento será inevitável. Nesta terça-feira (17/09), o comitê se reunirá para decidir sobre o racionamento. O Semae realiza campanhas de conscientização e pedindo à população que economize água. O departamento de água de Bauru, cidade de 380 mil habitantes, iniciou, no dia 9 de setembro, uma série de manobras na rede para se adequar à queda drástica no nível do reservatório de captação das águas do Rio Batalha. No dia 11 de setembro, o nível do rio atingiu 1 metro, mais de três vezes abaixo do ideal, que é de 3,20 m. Vários bairros passaram a receber água de poços profundos para equilibrar a distribuição do líquido. O racionamento teve início no dia 9 de maio e atualmente os bairros ficam 24 horas com água e 48 horas sem.
Em Vinhedo, o rodízio também perdura desde maio e o município passou a usar água de poços artesianos particulares. A multa para quem desperdiça água é de R$ 663,00 valor que dobra em caso de reincidência. Moradores reclamam que recebem água suja na retomada do fornecimento, durante o rodízio. A Sanebavi, empresa de saneamento do município, disse que a água retorna com muita velocidade e leva resíduos que estavam presos na tubulação. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o maior uso de água para limpeza da fuligem das queimadas também prejudica o abastecimento. No final de agosto, a companhia chegou a emitir um alerta sobre o risco de falta de água nas cidades de Franca e Restinga devido ao alto uso de água para limpar a sujeira da fuligem. Em Sorocaba, a prefeitura assinou decreto declarando emergência climática no município. A norma prevê multa de até R$ 150 mil para quem for flagrado colocando fogo em mato.
Devido ao grande número de focos, o uso de água para abastecer caminhões-pipa do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil para combater os incêndios tem causado risco para o abastecimento urbano. Os incêndios que se espalham pelo interior, além de elevar o consumo de água para a limpeza da fuligem e o combate às chamas, chegam a ter impacto direto no abastecimento. Em Marília, no dia 8 de setembro, o fogo atingiu transformadores e equipamentos do sistema de captação do Rio do Peixe, que abastece 50% da cidade. A suspeita é de que uma queimada no terreno vizinho atingiu a estação. O Sistema Cantareira, que abastece grande parte da Região Metropolitana de São Paulo, está com 55% do volume útil total e opera na faixa de atenção, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A faixa de alerta começa quando o sistema opera abaixo de 40%. Com a falta de chuvas, os reservatórios vêm perdendo a reserva de água.
No final de agosto, o volume útil total era de 57%, enquanto no fechamento de julho estava com 62%. No início de setembro de 2023, o Cantareira operava com 73% do volume útil. Desde maio deste ano, o Sistema Cantareira é alimentado com a água proveniente da bacia do Rio Paraíba do Sul, captada na Represa do Jaguari. Atualmente, são captados 7,5 metros cúbicos por segundo. Conforme o Cemaden, atualmente o sistema está classificado em situação de seca hidrológica variando de moderada a severa. Além do Cantareira, a RMSP conta com outros seis sistemas de abastecimento, mas alguns estão em situação mais crítica. O Rio Claro tinha 26,9% do volume útil no dia 12 de setembro, enquanto a Represa de Guarapiranga estava com 40%. Na média, o volume armazenado total dos sistemas era de 52,8%, mas com operação negativa, ou seja, maior saída do que entrada de água. O cenário afeta também bacias hidrográficas importantes para o abastecimento público.
No dia 12 de setembro, o Rio Piracicaba, que abastece Piracicaba e Americana, estava com vazão 60% abaixo da média para o mês de setembro, segundo o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Na área urbana de Piracicaba a situação é mais crítica, com vazão de apenas 18,3 mil litros por segundo, um terço da média histórica, de 55,3 mil litros. A Sabesp informou que o Sistema Integrado Metropolitano operava no dia 12 de setembro com 52,8% do volume total e se mantém na média dos últimos cinco anos, que ficou em 52%. O sistema é composto por 7 mananciais, o que possibilita abastecer áreas diferentes da metrópole com mais de um sistema, conforme a necessidade. Conforme o Cemaden, a previsão meteorológica indica um provável atraso no início da próxima estação chuvosa, o que resultará na prolongação do período de estiagem nos rios de todas as regiões do País, com exceção da Região Sul.
Diante da incidência de queimadas que atingem o estado de São Paulo, a capital presenciou, no dia 11 de setembro, “chuva” de fuligem na zona oeste, no limite com Osasco. Na prática, houve a queda de flocos com poluição. Conforme o Instituto Climatempo, essa condição climática tende a ser observada com frequência em todo o Estado, sobretudo no interior. Além do aumento da fumaça, poderão ser vistos redemoinhos de fumaça e de poeira. Os ventos tendem a ser de moderados a fortes numa direção que vai favorecer o transporte de mais fumaça sobre o Estado. Ainda há queimadas ativas no Estado. Um incêndio, iniciado no dia 9 de setembro, segue destruindo a vegetação na Serra das Cabras, na região de Campinas. Já foram consumidos 120 hectares de mata (área correspondente a 140 campos de futebol). Na quinta-feira (12/09), restavam pelo menos seis focos e os bombeiros atuavam na área. Um homem de 47 anos foi preso acusado de iniciar os incêndios e, segundo a polícia, negou a acusação, mas alegou estar “descontrolado” após a morte do filho, de 12 anos. Uma área particular onde funciona um museu astronômico foi atingida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.