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13/Sep/2024

Empresários criticam possível alta de juros no Brasil

A provável elevação de juros por parte do Brasil, na contramão da tendência da Europa e dos Estados Unidos, foi alvo de críticas do empresariado brasileiro que integrou uma comitiva a Paris para um encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron. O CEO do Grupo Azzas, Alexandre Birman, afirmou que o sinal que o País emite ao voltar a aumentar os juros é "péssimo". "Entretanto, temos de olhar a 'big picture', o que é menos ruim. E uma inflação descontrolada que vai aumentar o custo da dívida e que vai perder o controle, talvez um remédio ruim no curto prazo pode ser um bom no longo prazo", disse ele. O empresário alertou para o impacto que juros maiores no País devem trazer para o consumo, mas lembrou que é papel do Banco Central controlar a inflação. "Óbvio que eu sou contra o aumento de juros. É uma ação bem antagônica em relação ao mundo [com a Europa e os Estados Unidos cortando juros], mas talvez seja algo rápido, pontual", acrescentou. O investidor Nelson Tanure também usou o adjetivo "péssimo" para classificar o eventual aumento de juros no Brasil, na contramão da Europa e dos Estados Unidos.

"Eu acho péssima essa política de aumentar os juros no Brasil. Eu não sei se eles estão certos, se eles estão errados, mas eu acho péssimo", disse ele. O Banco Central Europeu (BCE) voltou a cortar os juros novamente na região nesta quinta-feira, dando continuidade ao ciclo de flexibilização iniciado em junho. Já os Estados Unidos devem iniciar tal jornada na próxima semana, quando é esperado que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reduza as suas taxas pela primeira vez depois do aperto monetário mais rápido e intenso em 40 anos na esteira da Covid-19. Na contramão, o Brasil é esperado para voltar a subir os juros, depois de ter liderado o início do ciclo de flexibilização monetária no mundo na pós-pandemia, no dia 18 de setembro, na nova edição da chamada 'Super Quarta', quando há decisões de política monetária no País e nos Estados Unidos. Em ambos os países, a expectativa majoritária é de um movimento de 0,25%, embora, em direções opostas. O dono e presidente do Conselho de Administração do grupo Ambipar, Tércio Borlenghi Júnior, disse que um novo aumento de juros no Brasil é "ruim" uma vez que as taxas já são "altíssimas" no País.

"Os juros no Brasil são altíssimos e fora de qualquer padrão", reforçou. Além dos juros altos, Borlenghi citou os efeitos da volta gradual da reoneração da folha de pagamentos a partir do próximo ano, cujo projeto de lei foi aprovado hoje pela Câmara dos Deputados. Agora, o texto vai para sanção presidencial. O projeto de lei que prevê uma reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia e de pequenos e médios municípios, além de definir compensações para a renúncia fiscal que a medida vai gerar neste ano. "A desoneração já estava incorporada nas companhias, agora vamos ter que refazer os custos, ver quanto isso vai impactar a margem e repassar aos clientes. Não tem jeito, vira custo para a companhia", afirmou Borlenghi. Segundo ele, quando a desoneração da folha de pagamentos foi instituída, em 2011, os clientes pediram desconto. Agora, com a reversão da medida, será preciso fazer o movimento contrário, explicou. Na sua visão, esse será um "trabalho árduo".

Por sua vez, Birman reclamou da "falta de clareza" no "complexo" ambiente de negócios no Brasil ao comentar o projeto que prevê a reoneração da folha de pagamentos no País. "Você faz um planejamento de investimento de médio e longo prazo sem saber exatamente o que você está vendo de carga tributária. Então, está complexo", criticou, acrescentando que a criação de medidas provisórias do "dia para a noite" para aumentar a arrecadação do governo é o "pior cenário". Uma comitiva de 35 empresários e investidores brasileiros de diferentes segmentos se reuniu com o presidente da França nesta quinta-feira (12/09), no Palácio Élysée, em Paris. Na pauta, o interesse desses executivos no mercado francês e também ao contrário, além de temas de ordem macroeconômica. O encontro foi organizado pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) e a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS). Fonte: Broadcast Agro.