13/Sep/2024
A maior seca dos últimos 70 anos, agravada por queimadas, acendeu um sinal de alerta sobre o risco de uma nova onda de pressão inflacionária no Brasil. Os efeitos da estiagem nos preços dos alimentos e na tarifa de energia elétrica, além da demanda aquecida e da desvalorização do Real em relação ao dólar, levaram economistas a rever para cima as projeções de inflação para este ano e a colocar viés de alta no IPCA de 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que a inflação “preocupa um pouquinho”. O cenário indica a necessidade de um novo ciclo de alta dos juros básicos da economia (Selic). O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem para decidir a nova Selic, atualmente em 10,5%. Com desemprego em baixa (6,8% no trimestre terminado em julho) e aumento da renda dos trabalhadores, o consumo das famílias está aquecido.
Isso torna os consumidores mais propensos a aceitar reajustes de preços, especialmente no setor de serviços. A recente desvalorização do Real frente ao dólar aumenta os custos, pressionando principalmente os preços de produtos industrializados e importados. A estiagem prolongada, que ultrapassa cem dias em algumas regiões do País, deve pressionar ainda mais os preços do açúcar, do café e da laranja, que já estão em alta. Também pode elevar a cotação do etanol no período de entressafra. Em 12 meses até agosto, o açúcar refinado subiu 6,31% no varejo, a laranja-pera teve alta de 47,56%, o café subiu 16,64% e o etanol, 10,05%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo do IBGE. No mesmo período, a inflação medida pelo mesmo indicador foi de 4,24%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está atento aos efeitos climáticos na segurança alimentar e energética, já que o tema pode repercutir numa pressão inflacionária sobre alimentos e energia. Apesar de "boas notícias no front" do índice de preços que foram divulgadas nos últimos dias, Haddad afirmou que a equipe não pode descuidar do assunto. A inflação é um fenômeno complexo, às vezes tem inflação de demanda, mas às vezes pode ter choque de oferta, em função de seca, desastre climático, falta de água. O governo está acompanhando a evolução desse quadro e fazendo planejamento estratégico de como enfrentar se essa crise climática se tornar mais aguda no futuro próximo. Ele lembrou que, embora o Brasil tenha uma matriz de energia "muito interessante", pelo uso das hidrelétricas, o modelo não é imune a problemas, em especial em momentos de falta de chuvas como o atual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.